... como diria o Grande Irmão no livro 1984, de George Orwell
Até que enfim alguém de coragem!
A deputada baiana Luiza Maia (PT) acaba de propor à Assembléia Legislativa que o poder Público seja proibido de contratar artistas que ofendam ou desvalorizem as mulheres em suas produções. Obras que incitem a violência de gênero, ou sejam constrangedoras às mulheres também seriam vedadas, segundo a proposta.
A idéia da Deputada vem como uma reação a músicas como “Me dá a patinha”, do grupo de pagode baiano Black Style. A letra equipara mulheres a cadelas: ambas têm “patas” e são propriedades de alguém (geralmente um macho adulto da raça humana).
Na Bahia o trabalho sujo é feito pelo pagode. Em São Paulo, Rio e outras localidades, muda-se o ritmo, mas não o teor. Com o aval do Poder Público (agindo ou omitindo-se) o povo pobre, mais explicitamente que as outras classes, reproduz, no cotidiano e em algumas manifestações artísticas, a violência de gênero, a pedofilia, a sexualidade acentuada e a criminalidade como ponte para a conquista do respeito.
Em nome da “liberdade de escolha” a nossa sociedade permite até mesmo que o dinheiro público financie a propagação de idéias racistas, como as presente em grande parte da obra de Monteiro Lobato e outros autores recorrentes nas bibliotecas escolares.
Se quiserem, me chamem de moralista.
Mas eu é que não vou pagar, calada, para que as minhas filhas sejam publicamente humilhadas, tratadas como bichos ou objetos sexuais, apenas por serem meninas, pobres e negras em um mundo racista, classista e machista.
Se quiserem, me chamem de ditadora.
Mas eu é que não vou dormir tranqüila enquanto crianças de até 5 anos se matam aos poucos nas ruas do país porque não se pode retirá-las à força, em nome da liberdade de ir e vir prevista no ECA e na Constituição (do direito à proteção integral ninguém lembra).
Estranhamente, em nome das “liberdades”, estamos livres para sermos humilhadas, constrangidas e violentadas. O princípio da “liberdade” se sobrepõe ao da “dignidade”.
Dá licença?
Se a liberdade do outro me oprime, então não sou livre, confere?
Liberdade e bem comum deveriam andar de mãos dadas. Então as expressões do machismo, racismo e outros ismos que ferem a dignidade humana e refletem dominação (do macho sobre a fêmea, de brancos sobre as demais raças e de ricos sobre pobres) não podem ser admitidas com base no tal princípio da liberdade.
Dizer o contrário é mesmo um atentado contra a inteligência humana.
Em tempo:
O conceito de liberdade no mundo neoliberal, por vezes, não passa da esfera do consumo. Cidadãos e consumidores dividem a mesma esfera semântica.
Ao afirmar que somos livres para fazer nossas escolhas e direcionar nossas vidas, subentende-se que somos livres para consumir, e também responsáveis por nossos fracassos. Assim, se você acredita nisso, deve acreditar também que as mulheres apanham porque querem, porque escolheram; que as crianças vivem nas ruas e se viciam em crack porque desejaram; que adolescentes vão para o mundo do crime porque assim o quiseram e, por fim, crê que os ricos são ricos porque escolheram/mereceram/trabalharam.
Assim fica fácil, né?
E você que trabalha a vida inteira, ainda não tá rico/a por quê?
Alguém deve estar te enganando, não acha?
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quarta-feira, 20 de julho de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Mês de Maio, mês de Luta.
Mailling das entidades e concentração das inscrições pelo e-mail:
seminário.juventude@camarasp.gov.br
Neste dia de denúncia e de luta contra o racismo, tomamos mais uma vez as ruas de São Paulo e do Brasil para exigir reparações e provocar uma reflexão a toda sociedade brasileira: É preciso dar um basta na violência racista! No Brasil 33,5 mil jovens serão executados no curto período de 2006 a 2012. Negros têm risco quase três vezes maior de serem assassinados – SEDH/UNICEF-2009. De cada três jovens assassinados, dois são negros – Mapa da Violência 2011. Assassinato de jovens brancos caiu 23,3% enquanto o assassinato de jovens negros cresceu 13,2% - Mapa da Violência 2011. A cada dia morrem de 2,6 mulheres pretas ou pardas por complicações na gestação. O mesmo problema vitima 1,5 das mulheres brancas; 40,9% das mulheres pretas e pardas nunca fizeram mamografia; 18,1% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito Papanicolau – Relatório Desigualdades Raciais UFRJ – 2010. 56,3% das mulheres negras estão ocupadas como empregadas domésticas (INSPIR/ DIEESE/ AFL-CIO, 1999). Dos 6,8 milhões de analfabetos em todo o país que freqüentam ou tinham frequentado a escola entre 2009 e 2001, 71,6% são pretos e pardos - Relatório Desigualdades Raciais UFRJ – 2010
Reivindicações:
·Contra o genocídio da População Negra;
·Por reparações históricas para a população negra brasileira;
·Pela Manutenção das Cotas para negros/as nas Universidades, questionadas pelo DEM no STF, e ampliação dessa política a todas as IES Públicas Estaduais e Federais;
·Pela Manutenção do Decreto 4487, que regula a Titulação dos Territórios quilombolas;
·Pela cassação dos mandatos dos parlamentares racistas Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP), por quebra de decoro e crime de racismo;
·Tipificação dos casos de violência policial, que resultem ou não em mortes, como crimes de tortura, conforme a Lei 9455/97;
·Instituição de uma CPI das Polícias de São Paulo, que vise desmantelar milícias, apurar denúncias/crimes e punir responsáveis;
·Fortalecimento das Ouvidorias e construção de uma Corregedoria única, autônoma, controle e fiscalização por parte da sociedade civil;
·Pelo fim do registro de “Resistência seguida de morte” ou “Auto de resistência” para as execuções sumárias; ·Pelo fim dos fóruns privilegiados para Autoridades e Polícias;
·Exigência de indenizações para todas as vitimas de violência e/ou seus familiares.
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