sábado, 30 de outubro de 2010

Diego Beat Box e Banca dos Loucos Para MALOTE

Show Realizado Para Arrecadar fundos para compra de 2 cadeiras de rodas para crianças do PQ Bristol e Outra do Jardim São Saverio:
Passaou tambem pelo palco: Panico Brutal, Abelha Show, Confissamba, Lado Obscuro, Cla raça Forte, Conexão Poular entre outros:

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Trégua

Quem sobreviveu ainda se lembra do tempo em que São Paulo era um campo de guerra. Agora, parece ser o fim desta que é uma das mais cruéis facetas da luta de classes, o fim dos crimes de pobres contra pobres.
Parece ser o fim dos assassinatos cotidianos, do sangue escorrendo ou já seco nas vielas e ruas das quebradas. É o fim das caravanas até os cemitérios nos dias de finados. É quase o fim também das vaquinhas pro paletó de madeira e pro ônibus.
Chega de mães com seus 35kg, perambulando pelas ruas em busca de um abraço. Se pá, já era também as metáforas com significados de morte.
Chega de luto.
Em São Paulo, nas quebradas, as pessoas estão se matando 80% menos do que há dez anos atrás. Parece que estamos diante de uma trégua, um milagre que não foi feito pelas autoridades competentes, por nenhuma política pública.
Quem mora nas quebradas sabe que, aqui, os assassinatos são sempre entendidos pelo Estado como guerra entre quadrilhas. Por isso, não são investigados, o que dá ao homicida uma espécie de privilégio, quando comparado ao tratamento dado a outros criminosos como assaltantes, por exemplo.
Então, por duas décadas (os anos 80 e 90), os homicidas agiram livremente nas favelas de SP. Não são raras as histórias de assassinos extremamente poderosos no seu local de moradia. Algumas regiões anotavam a cifra de 60 assassinatos em um único mês e o Estado nada fazia, nada fez – embora diga o contrário.
Agora, nas favelas de SP, qualquer morador maior de 20 anos sabe explicar o motivo da redução de mortes. Mas isso interessa a poucos, pois a favela é pouco estudada, exceto por antropólogos. Estes, diga-se de passagem, muitas vezes a estudam de forma irresponsável e, muitas vezes, sequer acreditam que somos verdadeiras comunidades.
Munidos de um método minimamente coerente, perceberíamos que a favela representa uma parcela da classe trabalhadora que realiza os trabalhos mais duros, pelos menores salários, sem a solidariedade da classe média, e sem a proteção do Estado.
Mas agora, correndo menos risco de sermos assassinados.
Ainda assim, é triste.

Du.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Favela na área – futebol, rap, samba... e muita camisa vendida

Criado em abril de 2003 por um grupo de moradores do Parque Bristol, que às sextas-feiras gostava de se reunir para disputar um bom “rachão” (jogo de futebol informal, sem uniformes nem times fechados), o Esporte Clube Favela pode até não acumular tantos troféus, mas, curiosamente, vendeu milhares de camisas.



Em 7 anos, o número de peças vendidas (sem levar em conta os conjuntos de agasalhos e acessórios), chega ao invejado número de 3.836, o que dá uma média de 548 camisas por ano, ao preço médio de R$40,00 – façanha incomum em se tratando de um pequeno time de várzea, e não de uma loja de roupas.





De acordo com Maciel Mota de Almeida, o Terno, 33 anos, integrante do grupo de rap Pânico Brutal (grande apoiador da fundação do time) e presidente do Favela, como é chamada a equipe, o sucesso na venda das camisas se deve a vários fatores e o primeiro deles tem a ver com a questão estética pois são camisas bonitas, de boa qualidade, estrategicamente pensadas para agradar ao público periférico.





A escolha dos modelos não é feita aleatoriamente: todos os membros do time e até mesmo da torcida participam da sua criação, opinando sobre a disposição das cores (preto, laranja e branco), qual o melhor tecido, o mascote da vez, etc. A escolha do símbolo, por exemplo – bem simples, para que qualquer um possa reproduzi-lo – e o lema do time (futebol, rap e samba), também é obra coletiva. E nem é por acaso também que o time se chama Favela, já que todos os seus jogadores moram no complexo de favelas que compõem a geografia do Parque Bristol e arredores.





O segundo grande motivo para que tantas pessoas, literalmente, vistam a camisa do Favela, ainda segundo seu presidente, é o fato de a equipe ser bem vista pela torcida e pelas outras pessoas em geral. Isso porque, afirma Terno, o elenco é simpático, o time tem uma política interna pacificadora e joga bem, apesar de viver tempos de “vacas magras, de vez em quando” – o que não parece ser o caso atual: até o agosto, o time havia perdido apenas 5 dos cerca 20 jogos disputados em 2010.





Em 2004, no aniversário de um ano do time, durante a grande festa que se fez, um segundo modelo de uniforme foi lançado, junto com as novas camisas de torcida. Com esse novo modelo, o time atingiu a marca de mil camisas vendidas e a marca “Favela” – que por enquanto não tem registro oficial – começou a se espalhar não apenas no bairro, mas também em outras cidades, Estados e até outros países, como Itália, EUA e Uruguai.





Uma terceira e forte razão para a boa saída das vestimentas com o nome do time, parece ser o “detalhe solidário”, pois são vendidas a preço de custo. Não há lucro financeiro decorrente deste incipiente comércio. “o lucro vem em forma de marketing”, diz Terno. “Quem banca o time é a diretoria. Nem mensalidade nós cobramos. Quando precisamos de mais dinheiro do que diretoria pode bancar, fazemos bingo, rifas e excursões”.





O preço das camisas - R$40,00, valor ainda alto para os padrões da comunidade - deve-se à boa qualidade do produto, pois as roupas do favela costumam durar anos e, sob encomenda, ainda vêm personalizadas, com o nome do comprador impresso, ao gosto do freguês.





Pensando no público que não pode pagar por uma camisa deste preço, ainda que seja o de custo, em 2005 foi lançado uma nova leva, que mantinha as cores e procurava manter a qualidade da roupa, mas modificava o tipo de tecido – barateando os custos. De lá para cá, vários outros modelos foram lançados, todos com bastante aceitação, bastante sucesso. Para 2010 está previsto ainda o lançamento de um modelo infantil e outro, exclusivamente, feminino.





Mas se o preço, a simpatia dos jogadores e o fato de serem criadas intencionalmente para agradar a periferia, explicam o sucesso nas vendas, nada disso explica a coragem de tantas pessoas em usar uma vestimenta que as ligue à classe mais pobre, mais marginalizada e menos valorizada da nossa sociedade. Isso faz crer que talvez o motivo maior desse pequeno fenômeno de venda esteja relacionado ao orgulho de pertencer a uma classe, a um time de gente que, apesar de tudo, das péssimas condições de vida, encontra na auto-organização, no apoio mútuo, a força para prosseguir de domingo a domingo, jogo após jogo, em busca de vitória e melhores condições.







Unidos pela Força da Amizade – UFA!

“Ei, você aí!

Não adianta nem brigar

Que a UFA vai correr.

UFA!”





O grito de guerra sela o acordo e reforça, com humor, uma das características mais importantes e prezadas pelo time e pela torcida organizada do Esporte Clube Favela (a Unidos pela Força da Amizade – UFA): a união para o bem comum, a proibição de brigas e confusões de todo tipo, o colocar em jogo a paz, só para tê-la como troféu no final de cada jogo, regado a rap, samba, refrigerante e cerveja, para quem goste.





Nem todos os que querem podem pertencer à UFA e já havia sido assim com a primeira leva de camisas do time que foi vendida a poucos amigos e familiares, para evitar que o nome do time (que, devido à criminalização da pobreza e ao preconceito, já carrega um sentido pejorativo) pudesse ser identificado com a criminalidade e causasse problemas aos jogadores. Assim, quem não jogasse de acordo com as regras era expulso do time e, se fosse torcedor, não poderia comprar a camisa. Hoje, qualquer um já pode comprá-la pronta ou encomendar a sua, mas, com a UFA, ainda valem as regras antigas. “É uma questão de segurança para os jogadores e torcedores”, afirma Terno.





Além do futebol

A auto-organização para fins diversos, inclusive o lazer, não é novidade em lugar nenhum, e muito menos nas periferias das grandes cidades brasileiras. São testemunhas disso o sem número de grupos musicais de todos os ritmos, os grupos de teatro amador, de dança, as crews, as posses, os núcleos culturais e políticos, as associações de moradores e os muitos e diversos movimentos populares que pululam em quase todos os lugares onde o Estado particularmente deixa suas lacunas.





Os times de várzea, assim como tantos outros movimentos populares, preenchem algumas desta lacunas, alimentando, em milhões de meninos, o sonho de ser um grande atleta e funcionando, na prática, como uma verdadeira escola onde se pode aprender e treinar as habilidades necessárias para “correr atrás” dos seus sonhos, além de funcionar como válvula de escape para pais de família que preferem protagonizar o jogo, ainda que como torcida, ao invés de apenas figurar como (tele)expectador.





Por fim, embora, na maioria dos casos os times de várzea careçam de formação e objetivos políticos transformadores, eles oferecem algum paliativo neste horizonte com pouca notícia da revolução.





O Favela, por exemplo, além do futebol rap e samba que compõem o seu lema, tem a pretensão de ser um agente e um espaço de valorização da periferia e de suas manifestações culturais. Assim, além do futebol e da confraternização (com rap, samba, cerveja e refrigerante) semanal, o time promove ainda excursões (que promovem o lazer e, de quebra, ainda reforçam o caixa do time), mantém uma bateria que, em breve, deverá se tornar bloco carnavalesco, e o Favela promove ainda, em determinadas épocas do ano, bailes de rua onde podem se apresentar os músicos do bairro.





Perguntado se o Favela vai se tornar grife, Terno responde que sim, que este é um desejo que está no horizonte do time, assim como pretendem conquistar um patrocinador que não queira mudar o caráter do clube. Mas essas coisas, segundo ele, não são o principal. O principal já está acontecendo. O time se mantém em campo. A favela está na área.

domingo, 10 de outubro de 2010

Salve-se maloca Espaço Cultural


O Maloca Espaço Cultural ainda sobrevive em meio as escombros.
Porem não é os membros do Nucleo Cultural Poder e Revolução que estão dando vida ao local.
Quem hoje pegou para dar cara nova ao local foi o POVO da Favela,
A molecada limparam, pintaram, fizeram churrasco, e ouviram muita musica.
Eu me senti muito feliz quando soube desta ideia da molecada, que pretendem realizar no dia 12 a segunda festa do dia das crianças no local.

O Maloca é Lindo,
O Maloca esta lindo
No Maloca me sinto em casa
No maloca sinto vontade de chorar, ao pensar em toda nossa dedicação, nosso comprometimento, nossa amizade.

Pena que as coisas não são como queremos.

Saudosa sempre sera Nossa Maloca.
Maloca das Oficinas de MCs
Maloca da Biblioteca Comunitaria Livro Pra Que Te Quero
Maloca do Nosso Sarau do Caldo
Nosso Paredão
Nossa Posse
Nossas Reunioes
Nossos Projetos Nossos Sonhos

Salve-se Maloca

sábado, 2 de outubro de 2010

Politica


Política
Ataliba E A Firma

Nossa vida mais e mais ficando crítica
Basta olhar que você vê que a vida cívica
Deteriora tanto quanto a coisa pública
Quanto choro, quanta fome, quanta suplica
Quanto nojo de saber que gente estúpida
De mamatas vão vivendo na república
chegou lá sem declarar riqueza subita

Joga o jogo de enganar postura física
De enganar figura lá postura cênica
Vem política estúpida e anêmica
Vem política raquítica, cínica
Choque vai, vem inflação de forma cíclica
Nem precisa consultar a estatística
Pois de fato a gente sente a vida rústica
Que não há como mudar o tom da música
Pois vai mudar, vai melhorar, vai ficar nítida
Sua alegria de viver será explícita
Nos palanques bem montados, boa acústica
São patéticas promessas de política

De política em política (3x)

Essa política gerando gente cínica
povo mais cada vez ficando cético
Gabiru será um dia milimétrico
São escândalos, processos quilométricos
São seqüestros, falcatruas sem inquéritos
Ser parente se promove pelo mérito
Superfaturada a compra, coisa ilícita
Divulgado o resultado da balística
Só se tinha um tiro certo para o céfalo
Deram dois na inflação, efeito ínfimo
Galopante volta a fera, segue o ritmo
Qual doença degradando o corpo aidético
Então o político declara ser o médico
Diagnostica que a cura é pelo empréstimo
Com certeza vai querer morder o dízimo
E ao problema ele receita um analgésico
E toda verba vai pro bolso dos corruptos
E todo o povo ajoelhado ante o púlpito
Ora a deus, pede luz para o facínora
Encarnado na figura do publícola

Avanço no futuro, cibernética
Com videogame, disc-laser, informática
Mili-dados vão na fita magnética
E essa política atrasando o sul da América
Demagogia se tornando vida prática
Recessão na economia mais estática
A gente não sabemos nem uma gramática
E na saúde como a coisa está dramática
Se ganho vinte: noves-fora, matemática
Lá vai imposto numa construção lunática

Teve debate na TV caiu na sátira
Lobbies lobos lambem lá de forma sádica
Outros bobos querem resolver na mágica
Alguns acharam a solução compondo máximas
Outros já preferem agir de forma tácita
E tudo via se aprofundando na retórica
E de política o povo está com cólicas
E vai levando na sua vidinha módica
Quando o que dá risadas, sente cócegas
Do salário de miséria, coisa cômica

Parlamentarismo, monarquia ou republica
Muda o nome e terão todos forma única
Se não mudar a mentalidade lúdica,
modo de se encarar a coisa pública
Enquanto isso a esperança mais umbrícola
Secando a roupa no varal ainda úmida
sol batendo numa gota d'água fúlgida,
Que será de nós e de nosso habitat ...
Suando as mãos nós limparemos a política
A inflação é conseqüência desse cólera
E todo mal que nos assola é uma alíquota
Cujo montante principal é a política
Essa política sem lógica, sem nexo
Essa política do próprio paradoxo
Essa política larica mais que tóxico
Essa política do fight bem no plexo
Essa política que não respeita sexo
Essa política perdida em circunflexo
Essa política mentiras em anexo
Essa política do choque heterodoxo