Estamos perdendo feio esta guerra. Nossas armas causam no inimigo não dor, mas prazer, não medo, mas coragem, aplausos, cócegas.
Nossas muralhas foram destruídas e o inimigo circula livremente pelo território, quase todo ele dominado. Por isso as trincheiras perderam o sentido e agora são usadas contra as enchentes. As armadilhas, que eram simples, mas que nos tornavam menos vulneráveis, tiveram seus segredos revelados e agora são motivos de piada.
Bases militares inimigas são instaladas a cada dia a menores distâncias uma da outra
Nosso exército, que já era fraco, foi quase todo ele cooptado e muitos ex-soldados nossos estão agora usando informações privilegiadas a nosso respeito para, por meio dos estereótipos e tipos ideais, fortalecer a dominação inimiga.
Após nossas estratégias serem entregues aos inimigos, estes a inverteram contra nós. Por exemplo, o Rap, aquele que reunia 40 - 50 mil favelados mal encarados no vale do Anhangabaú para ouvir seu raivoso discurso foi quase todo convencido que é melhor fazer arte do que fazer a arte da guerra. Por isso não desperta mais as paixões políticas que despertava quando era um revelador de verdades. Ele agora é oficial, fala de dentro de instituições que na maioria das vezes são de caráter não governamental, mas que firmam parcerias pelegas para fazer o trabalho sujo, se é que há o limpo, do governo. Tais instituições cooptam nossos soldados e propagam, “de bem de pertinho de nós”, a ideologia neoliberal.
Nossa Central de Trabalhadores que muito nos ajudou a avançar, ou pelo menos a não retroceder nos direitos trabalhistas, também entrou no jogo da cooptação. É agora um braço do Estado, tem verba oficial e tudo o mais. Enfim, foi tomada. O inimigo assumiu sua administração.
O único partido político que nos representava nacionalmente (oh! evolução do capitalismo!) foi posto no poder. Por isso, a cooptação dos militantes, desarticulou as movimentações populares.
E o pior de tudo é que os cooptados tiveram seu egoísmo aflorado e gritam numa só voz que tudo vai bem, que os avanços são muitos! Ficaram cegos diante do pequeno poder que lhes foi ofertado e estão “mais felizes que pinto no lixo”. Nos traíram.
Estamos perdendo feio esta guerra, esta luta entre classes, mas ela ainda não acabou. Porém, no atual momento, o inimigo avança. Avança porque nossas estratégias foram desarticuladas e nossas armas são de brinquedo: cospem bolinhas de sabão; disparam bandeirinhas brancas.
Du.
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