A propósito das mortes de civis e pm's
O Ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo, por ocasião do anúncio da integração de forças entre Estado e União para combate ao crime “organizado”, afirmou ontem, categoricamente, que as mortes de Policiais Militares ocorridas neste último ano serão todas investigadas e punidas.
Aproveito
a deixa para lembrar ao Senhor Ministro de que não foram apenas os
policiais que tiveram suas vidas ceifadas. Dezenas de civis também
têm sido vítimas de assassinatos e, em muitos casos, as suspeitas
têm recaído exatamente sobre PM's, ou sobre os chamados “grupos
de extermínio”.
Aproveito
também para perguntar se posso enviar ao Senhor Ministro uma lista
pessoal de mais de 100 pessoas cujas mortes, todas violentas, nunca
foram solucionadas. Essa lista foi recolhida ao longo de 36 anos e
todas essas pessoas eram conhecidas, amigos, vizinhos ou parentes do
meu esposo. Se adicionarmos os “meus” mortos, essa lista
certamente aumentará.
Um
momento: eu não sou louca. Não desejo que ninguém seja morto e nem tenho intenção nenhuma de que
todas essas mortes do passado sejam realmente investigadas. Mas seria fenomenal, algo
digno de muito respeito, se o Estado e seus representantes mostrassem
por nós o mesmo interesse que demonstram em defender seus cargos
políticos, sua imagem pública e não nos abandonassem (a nós e aos policiais - que, afinal de conta são gente da gente) à própria
sorte. Seria interessante ter um Estado cuidador.
Enfim,
gostaria de lembrar às autoridades que a coisa mais importante dessa história de
horror que revivemos hoje são as vidas humanas (dos policiais e também dos civis), a dor das famílias e o desajuste social causado por essas mortes.
(trecho)
Me mandem matar a polícia!
Eu vou, se isso trouxer
Israel,
Sandro,
Aristides,
Luciano,
Márcio,
Cometa,
Buiú
(toda a família de Elisângela)
Edmarcos e
Hilário
(toda os mortos dos CEDECAS)
de volta.
Me mandem matar os bandidos!
Eu vou, se me deixarem
Matar todos os homens-blindados-que-cagam-ouro-na-minha-fome-e-na-fome-da-minha-família.
Eu mataria capitães do mato
Se eles não fossem de fato
Tão vítimas como são vítimas:
Os policiais fardados,
Os meninos sem camisa,
A mulher de volta pra casa,
Israel, no colo da mãe.
O fuzil de minha palavra
Precisa estar voltado
Pra verdadeira revolução.