segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lançamento novo livro da Dinha


Onde escondemos o ouro será publicado em Outubro






Seu primeiro livro, com tiragem inicial de 500 exemplares, praticamente esgotou-se em apenas 5 meses.
O novo livro será publicado pela Me Parió Revolução – o selo literário da Rede Poder e Revolução.
“O objetivo é que seja um livro bonito e de baixo custo, de modo a garantir o acesso, mesmo a quem não tem dinheiro pra investir na compra”, diz Dinha. Para tanto, o livro virá em formato pocket e será confeccionado de modo semiartesanal, com a ajuda de Sandrinha Alberti e Lindalva Oliveira, parceiras na criação da Me Parió.
 
O lançamento Será no dia 05/10/13, no Mutirão Jardim Celeste.
Participem.


QUANDO: 05/10, SÁBADO
HORA: 15HS (NÃO SE ATRASEM)
LOCAL: RUA MEMORIAL DE AIRES, 480 - AO LADO DA PARÓQUIA. PRÓXIMO À EE DR. ÁLVARO DE SOUZA LIMA

ONDE ESCONDEMOS O OURO - PROGRAMAÇÃO


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Liberdade, só a de Mandela





O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com as suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta
um verme.

Carlos Drummond de Andrade,
“Nosso Tempo”, in A Rosa do Povo, Editora Record, 2003




Quem pensa me conhecer, só porque leu os meus livros, engana-se. Quem quiser me conhecer não deve ler meus escritos. Os livros estão sempre sete anos atrasados, não dão conta de quem sou.

Exemplo: Meu primeiro livro, “De passagem mas não a passeio”, coleciona uma porção de poemas adolescentes que me apresentam como uma figura irônica e triste de dar dó. Sob uma aparência revolucionária encontramos poemas terrivelmente neoliberais. Libertinos, muito mais que libertários.
Ora, se tem uma coisa que me envergonha profundamente é isso: essa farsa revolucionária, essa vulnerabilidade feminina que os espertos costumam taxar de “libertação”.
Liberdade, ali, só a de Mandela. O resto é balela. Consumo.

Em “Onde escondemos o ouro” - livro que está pra sair –, idem . Embora já não haja aqui nem sombra do que fui, temos ainda a sugestão de um ser extremamente vingativo, pronto para dar o troco.
Sete anos de azar de novo. Não sou mais essa pessoa vingativa. Não quero o Ubiratan morto, embora queira ainda o meu Malote de volta.
Vingança pra mim nem fria nem quente. Na minha mesa só quero sementes que germinem e alimentem a vida em qualquer canto.
O que diz melhor de mim, talvez, sejam os zines. Por serem publicações pequenas, efêmeras e pontuais – simples – traduzem melhor os momentos, compõem mosaicos no tempo.

Mas, se é assim, porque publicar? Porque, se com tantos defeitos, vergonhas e arrependimentos, ainda gasto meu tempo e dinheiro publicando livros?
É porque, apesar dos erros, se salva o discurso. No conjunto, os poemas compõem mosaicos de cristais inquebrantáveis e apresentam o meu desejo de ser útil, de encontrar e reforçar a essência humana, revolucionária, em cada título, em cada página.
A contradição capitalista também mora em mim, apesar da minha luta diária contra esse sistema.
Se publico, é porque quando releio os poemas antigos algo de novo ainda tilinta bem no fundo desse beco esvaziado onde moramos.
E esse tilinto é azul pontilhado de vermelho: semeia a paz nesse campo minado de guerra.