quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Bau do Maloca (04)


Rainha Ginga ou apenas (Quelé)
Duas maneiras de chamar Clementina de Jesus (1901-1987), com a imponência do título de realeza e com a corruptela carinhosa de seu nome.
Clementina evocava tais sentimentos aparentemente contraditórios. A ternura e o profundo respeito.
A ternura de negra velha sorridente.

Todos com quem se envolvia tinham a compulsão de chamar de Mãe, como a chamavam os músicos do musical Rosa de Ouro.Uma pessoa capaz de interromper um depoimento dado à televisão para discutir sobre o café com a moça que o servia.
Um brilho especial nos olhos que cativou desde os mais humildes ao imperador Haile Selassié. Talvez por ter trabalhado tantos anos como empregada doméstica e ter começado a carreira artística aos 63 anos, descoberta pelo poeta Hermínio Bello de Carvalho, nunca o tratava de forma diferente devido à posição social.
O respeito ao peso ancestral de sua voz.

Uma África que estava diluída em nossa cultura é evocada subitamente na voz e nos cânticos que Clementina aprendeu com sua mãe filha de escravos. Clementina surgiu como o elo perdido entre a moderna cultura negra brasileira e a África Mãe.
Clementina causou uma fascinação em boa parte da MPB. Artistas tão diferentes como João Bosco, Milton Nascimento e Alceu Valença fizeram questão de registrar sua voz em seus álbuns. Apesar disto Clementina nunca foi um grande sucesso em vendagem de discos. Talvez por ter gravado quase que somente temas folclóricos, ou por sua voz não obedecer aos padrões estéticos tradicionais.

O que realmente impressionava eram suas aparições no palco, onde tinha um contato direto com seu público.
Clementina, mesmo tendo iniciado tardiamente sua vida artística e com uma curta carreira, é sem dúvida uma das mais importantes artistas brasileira. Apesar disto hoje em dia não existe um único de seus discos em catálogo..

Artista : Clementina de Jesus

Música : Partido Clementina de Jesus
Tom: A
A Bm7
Não vadeia Clementina
E7 A
Fui feita pra vadiar
F#7 Bm7
Não vadeia, Clementina
E7 A F#7
Fui feita pra vadiar, eu vou...
Bm7 E7 A F#7
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou
Bm7 E7 A
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou
Bm7
Energia nuclear
E7 A
O homem subiu à lua
A7
É o que se ouve falar
D
Mas a fome continua
É o progresso, tia Clementina
D#° C#m7
Trouxe tanta confusão
F#7 B7
Um litro de gasolina
E7 A
Por cem gramas de feijão
Bm7
Não vadeia, Clementina...
Bm7
Cadê o cantar dos passarinhos
E7 A
Ar puro não encontro mais não
A7
É o preço que o progresso
D
Paga com a poluição
O homem é civilizado
D#° C#m7
A sociedade é que faz sua imagem
F#7 B7
Mas tem muito diplomado
E7 A
Que é pior do que selvagem

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