segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Diego Beat Box e Banca dos Loucos.3gp
Show Realizados em 2010 no Jardim São Saverio / Pq Bristol, Show este que deixa muita saudade de alguem que não esteve de corpo presente, mas se fez presente nas rimas, nos versos, na Poesia.
" Sente a Brisa Maluco "
Malote um Anjo do Rap,
Um Louco da Banca
Um Membro do Nucleo
Um sobrevivente Morto.
Uma Recordação eterna.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Banco Central Lança novas Cedulas
O Banco Central do Brasil apos 16 anos de Real, apresentou oficialmente as novas Cedulas do Real, para a população.
As Novas cedulas tem tamanhos variados, em ordem crescente de acordo com o valor.
Lembro que tempos atraz as cedulas tambem tinham tamanhos diferentes, e isso na minha opinião não era muito bom, pois ficava a maior bagunça as notas não se encaixam direito e fica parecendo Dinheiro de Bebado.
Tudo amassada, fora de ordem, sem contar que na carteira umas ficam frouxas, e outras rasgando
O banco Central Tambem informa que não precisa correr atraz dos bancos para trocar as notas, pois seram subistituidas de acordo com o desgaste natural..
Espero que desta vez eles acertem em uma cedula que não seja falsificada, ja que alguem ganha só pra desenvolver estas novas tecnologias...
http://www.novasnotas.bcb.gov.br/
Veja detalhes das novas cedulas:
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Na Aba do baile funk
( poema panfleto a favor da autoestima)
Mãos para o alto novinha (voz de homem adulto)
Mãos para o alto novinha
Porque? (voz de criança)
Por que hoje tu tá presa tu tá presa o tu tá presa
E agora eu vo falar os seus direitos
Tu tem direito de sentar, tem o direito de kikar
Tem o direito de sentar,de kikar,de rebolar
Você também tem o direito de ficar caladinha
Fica caladinha
Fica fica caladinha
Trecho da música “Prisioneira”, Bonde do Tigrão
Não. Não eu não senti vontade
De lançar bunda pra cima
Enquanto o soprano soprava
O estupro da menina.
Não me liga o tom alegre
Nem o ritmo farinha.
(o que ouvi não era um funk
era o fuck
palavra voltando à origem)
não tentei entrar no ritmo
não tenho culhão pra isso.
(Bem no fundo, ema-ema,
minha alma é mesmo pequena.
Não cabe qualquer porcaria.
Não cabe esse disco riscado
esse sino quebrado,
pedofilia.
Troféus aos psicopatas,
colírio pro olhar marejado,
azul desbotado,
saidinha.
Minha alma pequena, pequena,
Que sofre claustrofobia,
Não cabe
Não cabe essa mágoa
Não cabe o amor ao contrário
o amor ao otário,
disfarce amargo,
vinho barato
manchando a camisa.
Minha alma pequena
não surda.
Minha alma poema,
não burra.
Minha alma doce migrado,
pequenina rapadura.
Minha alma miniatura,
minha alma lua
minguada.
Blindado no fundo
do baile estourado.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Mas uma Conquista na Quebrada
Desde 2008 vinhamos lutando por esta conquista emplacada hoje na Rua Jose Pereira Cruz na favela do Parque Bristol.
Foi uma Luta ardua, muita cobrança por parte dos moradores que cansados dos acidentes nesta mesma rua e pouco investimento no Esporte e na Cultura resolveram me escolher como representante nesta luta.
Por muitas vezes fui questionado pela demora no processo Prefeitura X CET.
ACOMPANHE A LUTA:
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Nossa Quebrada (Fundão do Ipiranga) -2
Logo cedo bateram em minha porta no n° 36 Fundos,
Era um funcionario da prefeitura do Estado, querendo saber se realmente meus vizinhos queriam a tal rua de lazer que foi solicitada a algumas semanas atraz.
Saimos debaixo de toda aquela agua, e de porta em porta iamos conversando com os moradores e eu explicava, quem era aquele homem e a que veio.
Todos moradores confirmaram enteresse na "RUA DE LAZER".
10 moradores do lado par e 10 moradores do lado impar.
Agora nós voltamos a aguardar resposta dos tecnicos da CET, para sabermos se realmente a rua vai ser interditada aos finais de semana para a molecada poder brincar a vonts.
è que o barato nos finais de semana é loko.
Este mes de março, varios acidentes de moto e carro acontecerao, só eu presenciei 3 deles, graças a Deus nenhuma vitima fatal.
Tambem tem uma famosa PASSEATA DE MOTO que todo final de semana passa pela rua, e dezenas de motoqueiros desfilam pelas ruas fazendo muito barulho e atrapalhando o lazer das crianças.
Caso a RUA DE LAZER seja aprovada, os motoqueiros continuaram seu desfile, mas desviando pela rua Jean di Capelli, Jose Pereira Cruz (Trexo não interditado), Jorge de Morais.
A Diversão sera garantida para todos, eles e nós.
Domingo, 1 de fevereiro de 2009
Rua de Lazer no Parque Bristol
Mas uma vez venho falar que nossa quebrada no fundão do Ipiranga conquistou mas uma Rua de Lazer.
È a Rua Jose Pereira Cruz (R.1), trexo entre as Ruas Giacomo Gozzarelli (R.6 e Jorge de Morais (R.2). este trexo que fica na favela do bairro, é muito movimentado e perigoso, pois as crianças saem dos becos da favela correndo e sem maiores cuidados com os carros e motos que passa as vezes sem respeitar uma velocidade segura.
A CET ja veio fazer sua 2° vizita no local, a 1° foi a quase 1 ano atraz, quando solicitamos a Rua de Lazer.
A Outra foi semana passada.
Agora ficamos no aguarde das placas de sinalização para inaugurar oficialmente nossa RUA DE LAZER.
E Prometemos um evento de inauguração, com muito
Samba ao vivo
Rap ao Vivo
Forro ao Vivo
e muito mas aguardem
Ta chegando a hora
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Sarau Perifatividade
Rua Amélia s/n
Lobato e o Racismo
por Ana Maria Gonçalves
Monteiro Lobato: um homem com um projeto para além do seu tempo - Caçadas de Pedrinho, publicado em 1933, teve origem em A caçada da onça, de 1924. Portanto, poucas décadas após a abolição da escravatura, que aconteceu sem que houvesse qualquer ação que reabilitasse a figura do negro, que durante séculos havia sido rebaixada para se justificasse moralmente a escravidão, e sem um processo que incorporasse os novos libertos ao tecido da sociedade brasileira. Os ex-escravos continuaram relegados à condição de cidadãos de segunda classe e o preconceito era aceito com total normalidade. Eles representavam o cisco incômodo grudado à retina, o "corpo imperfeito" dentro de uma sociedade que, a todo custo, buscava maneiras de encobri-lo, desbotá-lo ou eliminá-lo, contando com a colaboração de médicos, políticos, religiosos e outros homens influentes daquela ápoca. Um desses homens foi o médico Renato Kehl, propagador no Brasil das idéias do sociólogo e psicólogo francês Gustave Le Bon, que defendia a "superioridade racial e correlacionava as raças humanas com as espécies animais, baseando-se em critérios anatômicos como a cor da pele e o formato do crânio", segundo o livro Raça Pura, - Uma história da eugenia no Brasil e no mundo, de Pietra Diwan para a Editora Contexto. Renato Kehl reuniu ao seu redor uma ampla rede de intelectuais, com quem trocava correspondência e ideias constantemente, todos adeptos, defensores e propagadores da eugenia, assim definida por ele em 1917: "É a ciência da boa geração. Ela não visa, como parecerá a muitos, unicamente proteger a humanidade do cogumelar de gentes feias".
Em 1918 foi fundada a Sociedade Eugênica de São Paulo - SESP, contando com cerca de 140 associados, entre médicos e membros de diversos setores da sociedade que estavam dispostos a "discutir a nacionalidade a partir de questões biológicas e sociais", tendo em sua diretoria figuras importantes como Arnaldo Vieira de Carvalho, Olegário de Moura, Renato Kehl, T. H. de Alvarenga, Xavier da Silveira, Arhur Neiva, Franco da Rocha e Rubião Meira. A sociedade, suas reuniões e ideias eram amplamente divulgadas e festejadas pela imprensa, e seus membros publicavam em jornais de grande circulação como Jornal do Commercio, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo. Lobato, como um homem de seu tempo, não ficaria imune ao movimento, e em abril de 1918 escreve a Renato Kehl: "Confesso-me envergonhado por só agora travar conhecimento com um espírito tão brilhante quanto o seu, voltado para tão nobres ideais e servido, na expressão do pensamento, por um estilo verdadeiramente "eugênico", pela clareza, equilíbrio e rigor vernacular." Era o início de uma grande amizade e de uma correspondência ininterrupta até pelo menos 1946, dois anos antes da morte de Monteiro Lobato. Os eugenistas agiam em várias frentes, como a questão sanitária/higienista, que Lobato trata em Urupês, livro de contos onde nasce o famoso personagem Jeca Tatu, ou a racial, sobre a qual me aterei tomando como ponto de partida outro trecho de uma das cartas de Monteiro Lobato a Renato Kehl: "Renato, Tú és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. [...] Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade pecisa de uma coisa só: póda. É como a vinha. Lobato."
O livro mencionado é O Choque das raças ou o presidente negro, de 1926, que Lobato escreveu pensando em sua publicação nos Estados Unidos, para onde ele se mudou para ocupar o cargo de adido cultural no consulado brasileiro de Nova York. Em carta ao amigo Godofredo Rangel, Lobato comenta: "Um romance americano, isto é, editável nos Estados Unidos(...). Meio à Wells, com visão do futuro. O clou será o choque da raça negra com a branca, quando a primeira, cujo índice de proliferação é maior, alcançar a raça branca e batê-la nas urnas, elegendo um presidente negro! Acontecem coisas tremendas, mas vence por fim a inteligência do branco. Consegue por meio de raios N. inventados pelo professor Brown, esterilizar os negros sem que estes se dêem pela coisa". Resumindo bastante, as coisas tremendas são: em 2.228, três partidos concorrem às eleições presidenciais americanas. O partido dos homens brancos, que pretende reeleger o presidente Kerlog, o partido das mulheres, que concorre com a feminista Evelyn Astor, e o partido dos negros, representado por Jim Roy. Com a divisão dos brancos entre homens e mulheres, os negros se tornam maioria e Jim Roy é eleito. Não se conformando com a derrota, homens e mulheres brancos se unem e usam "a inteligência" para eliminar a raça negra, através de uma substância esterilizante colocada em um produto para alisamento de cabelos crespos.
A composição dos partidos políticos parece ter sido inspirada por um dos livros preferidos de Lobato, que sempre o recomendava aos amigos, o L’Homme et les Sociètes (1881) de Gustave Le Bon. Nesse livro, Le Bon diz que os seres humanos foram criados de maneira desigual, condena a miscigenação como fator de degradação racial e afirma que as mulheres, de qualquer raça, são inferiores até mesmo aos homens de raças inferiores. Lobato acreditava que tinha encontrado a fórmula para ficar milionário, como diz em 1926: "Minhas esperanças estão todas na América. Mas o 'Choque' só em fins de janeiro estará traduzido para o inglês, de modo que só lá pelo segundo semestre verei dólares. Mas os verei e à beça, já não resta a menor dúvida". Com o sucesso do livro, ele esperava também difundir no Brasil a ideia da segregação racial, nos moldes americanos, mas logo teve suas esperanças frustradas, como confidência ao amigo Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tanto séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Deve ter sido uma grande decepção para Lobato e seus projetos grandiosos, visto que, em carta de 1930, também a Godofredo Rangel, ele admite fazer uso da literatura para se dizer o que não pode ser dito às claras: "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".
Achei importante contextualizar esse livro porque acredito que todos que estão me lendo são adultos, alfabetizados, com um certo nível cultural e, portanto, público alvo desse romance adulto de Monteiro Lobato. Sendo assim, peço que me respondam com sinceridade: quantos de vocês teriam sido capazes de, sem qualquer auxílio, sem qualquer contextualização, realmente entender o que há por trás de O Choque das raças ou o presidente negro? Digo isso porque me lembro que, na época das eleições americanas, estávamos quase todos (sim, eu também, antes de ler o livro) louvando a genialidade do visionário e moderno Monteiro Lobato em prever que os Estados Unidos, um dia, elegeriam um presidente negro, que tinha concorrido primeiro com uma mulher branca e depois com um homem branco. Mas há também o que está por detrás das palavras, das intenções, e achei importante contextualizá-las, mesmo sendo nós adultos, educados, socialmente privilegiados.
O lugar do outro - Peço agora que você faça um exercício: imagine uma criança na sala de aula das escolas públicas de ensino médio e fundamental no Brasil. Negra. Sei que não deve ser fácil colocar-se sob a pele de uma criança negra, por isso penso em alternativas. Tente se colocar sob a pele de uma criança judia numa sala de aula na Alemanha dos anos 30 e ouça, por exemplo, comentários preconceituosos em relação aos judeus: "............ ...........", "............ .............. ...... .. ....". Ou então, ponha-se no lugar de uma criança com necessidades especiais e ouça comentários alusivos ao seu "defeito": "............. ............", "................. ..............". Talvez agora você já consiga sentir na pele o que significa ser essa criança negra e perceber a carga histórica dessas palavras sendo arrastada desde séculos passados: "macaca de carvão", "carne preta" ou "urubu fedorento", tudo lá, em Caçadas de Pedrinho, onde "negra" também é vocativo. Sim, sei que "não se fala mais assim", que "os tempos eram outros". Mas sim, também sei que as palavras andam cheias de significados, impregnadas das maldades que já cometeram, como lâminas que conservam o corte por estarem sempre ali, arrancando casca sobre casca de uma ferida que nunca acaba de cicatrizar. Fique um pouco de tempo lá, no lugar dessa criança, e tente entender como ela se sente. Herdeira dessa ferida da qual ela vai ter que aprender a tomar conta e passar adiante, como antes tinham feito seus pais, avós, bisavós e tataravós, de quem ela também herdou os lábios grossos, o cabelo crespo, o nariz achatado, a pele escura. Dói há séculos essa ferida:
"Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime." Luiz Gama
Volte agora para o seu lugar e se ouça falando coisas do tipo: "Eu li Monteiro Lobato na infância e não me tornei racista", ou "Eu nunca me identifiquei com o que a Emília disse", ou "Eu não acho que chamar alguém de macaco seja racista", ou "Eu acho que não tem nada de ofensivo", ou "Eu me recuso a ver Lobato como racista", ou "Eu acho um absurdo que façam isso com um autor cuja leitura me deu tanto prazer". Se você não é parte do problema, nem como negro nem como racista, por que se colocar no centro da discussão? Você também já não é mais criança, e talvez seja a hora de entender que nem todas as verdades giram em torno do seu ponto de vista. Quando criança, talvez você tenha crescido ouvindo ou lendo expressões assim, sempre achando que não ofendiam, que eram de brincadeira e, portanto, agora, ache que não há importância alguma que continuem sendo ditas em livros dados na escola. Talvez você pense que nunca tenham te afetado. Mas acredito que, se você continuar não conseguindo se colocar sob a pele de uma criança negra e pelo menos resvalar a dor e a solidão que é enfrentar, todos os dias, o peso dos significados, ouso arriscar que você pode estar enganado. Elas podem ter tirado de você a sensibilidade para se solidarizar com esse grave problema alheio: o racismo. Sim, porque tenho a sensação de que racismo sempre foi tratado como problema alheio - é o outro quem sofre e é o outro quem dissemina -, mesmo sua erradicação sendo discutida no mundo inteiro como direitos humanos. Direitos de todos nós. Humanos. Direito de sermos tratados com dignidade e respeito. E é sobre isso que devemos falar. Não sobre você.
Esse é um assunto sério, para ser discutido por profissionais que estejam familiarizados com racismo, educação infantil e capacitação de professores, e que inclusive podem contar com o respaldo do Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído em 1990 pela Lei 8.069. Destaco dois artigos do Capítulo II - Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade:
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Combate ao racismo no Brasil
‘Só porque eu sou preta elas falam que não tomo banho. Ficam me xingando de preta cor de carvão. Ela me xingou de preta fedida. Eu contei à professora e ela não fez nada''
[Por que não querem brincar com ela]‘‘Porque sou preta. A gente estava brincando de mamãe. A Catarina branca falou: eu não vou ser tia dela (da própria criança que está narrando). A Camila, que é branca, não tem nojo de mim''. A pesquisadora pergunta: ‘‘E as outras crianças têm nojo de você?'' Responde a garota: ‘‘Têm''. (Depoimento de crianças de 6 anos no livro "Do Silêncio do Lar ao Silêncio Escolar: racismo, discriminação e preconceito na educação infantil", de Eliane Cavalleiro - Editora Contexto)
Colocando-se no centro da discussão, como se a "censura" não existente ao livro de Lobato as ofendesse pessoalmente, e como se fosse só isso que importasse nessa discussão, tenho visto várias pessoas fazendo os comentários mais absurdos, inclusive interpretando e manipulando outros textos ficcionais de Lobato para provar que ele não era racista, ou que era apenas um homem do seu tempo. Algo muito importante que não devemos nos esquecer é que nós também somos homens e mulheres do nosso tempo, e que a todo momento estamos decidindo o que a História escreverá sobre nós. Tenho visto também levarem a discussão para o cenário político, no rastro de um processo eleitoral que fez aflorar medos e sentimentos antes restritos ao lugar da vergonha, dizendo que a "censura" à obra de Lobato é mais um ato de um governo autoritário que quer estabelecer a doutrina de pensamento no Brasil, eliminando o livre-pensar e interferindo na sagrada relação de leitores com seus livros. Dizem ainda que, continuando assim, daqui a pouco estaremos proibindo a leitura de Os Sertões, Macunaíma, Grande Sertão: Veredas, O Cortiço, Odisséia, Dom Casmurro etc, esquecendo-se de que, para fins de comparação, esses livros também teriam que ser distribuídos para o mesmo público, nas mesmas condições. Às vezes parece-me mais uma estratégia para, mais uma vez, mudar de assunto, tirar o foco do racismo e embolar o meio de campo com outros tabus mais democráticos como o estupro, o incesto, a traição, a violência, a xenofobia, a homofobia ou o aborto. Tabus que, afinal de contas, podem dizer respeitos a todos nós, sejamos brancos ou negros. Sim, há que se lutar em várias frentes, mas hoje peço que todos apaguem um pouco os holofotes que jogaram sobre si mesmos e suas liberdades cerceadas, concentrem-se nas palavra "racismo" e "criança", mesmo que possa parecer inaceitável vê-las assim, uma tão pertinho da outra, dêem uma olhada no árduo e necessário processo que nos permite questionar, nos dias de hoje e dentro da lei, se Caçadas de Pedrinho é mesmo um livro indicado para discutir racismo nas salas de aula brasileiras.
Os motivos do parecer - De acordo com a Coordenação Geral de Material Didático do MEC, a avaliação das obras que compõem o Programa Nacional Biblioteca da Escola são feitas por especialistas de acordo com os seguintes critérios: "(...) a qualidade textual, a adequação temática, a ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações, a qualidade gráfica e o potencial de leitura considerando o público-alvo". A simples aplicação dos critérios já seria suficiente para que o livro Caçadas de Pedrinho deixasse de fazer parte da lista do MEC. No parecer apresentado ao Conselho Nacional da Educação pela Secretaria da Educação do Distrito Federal, a professora Nilma Lino Gomes, da UFMG, salienta que o livro faz “menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos”. Destaco alguns: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou na árvore que nem uma macaca de carvão”, ou (ao falar de um possível ataque por parte de onças) "Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne preta", ou "E aves, desde o negro urubu fedorento até essa joia de asas que se chama beija-flor". Muita gente diz que contextualizar a presença no texto de trechos e expressões como essas seria menosprezar a inteligência de nossas crianças, que entenderiam imediatamente que não se faz mais isso, que a nossa sociedade se transformou e que atitudes assim são condenáveis. Aos que pensam assim, seria importante também levar em conta que "macaco", "carvão", "urubu" e "fedorento" ainda são xingamentos bastante usados contra os negros, inclusive em "inocentes brincadeiras" infantis durante os recreios nas nossas escolas por esse Brasil afora. E não apenas nas escolas, pois também são ouvidos nas ruas, nos ambientes de trabalho, nos estádios de futebol, nas delegacias de polícia e até mesmo nos olhares dos que pensam assim mas que, por medo da lei, não ousam dizer. Apesar disso, em reconhecimento ao importante caráter literário da obra de Monteiro Lobato, optou-se por sugerir que a obra fosse contextualizada e somente adotada por educadores que tenham compreensão dos processos geradores do racismo brasileiro. Como se fosse um problema fácil de compreender.
Pensando aqui com meus botões, sou capaz de me lembrar de inúmeras obras infanto-juvenis que valorizam o negro e tratam racismo com a seriedade e o respeito que o assunto merece, e que foram editadas principalmente depois da Lei 10.639/03, que inclui nos ensinos fundamental e médio a História e a herança africanas. Posso estar errada, mas me parece que Caçadas de Pedrinho entrou para o Programa Nacional Biblioteca da Escola antes disso; sendo o contrário, pela lei, nem deveria ter entrado. Há maneiras muito mais saudáveis, responsáveis e produtivas de se levar o tema para dentro da escola sem ter que expor as crianças ao fogo para lhes mostrar que queima; e sem brigada de incêndio por perto. Isso é maldade, ou desconhecimento de causa.
A causa - a luta pela igualdade de oportunidades no Brasil - Vou relembrar apenas fatos dos períodos mais recentes, que talvez tenham sido vividos e esquecidos, ou simplesmente ignorados, pela maioria das pessoas que hoje brada contra o "politicamente correto" da esquerda brasileira. Um breve histórico das últimas três décadas e meia:
1984 - o governo do General João Batista de Oliveira Figueiredo decreta a Serra da Barriga, onde tinha existido o Quilombo dos Palmares, como Patrimônio Histórico Brasileiro, num ato que reconhece, pela primeira vez, a resistência e a luta do negro contra a escravidão.
1988 - Durante as comemorações pelo Centenário da Abolição, o governo de José Sarney cria a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, que terá como meta apoiar e desenvolver iniciativas que auxiliem a ascensão social da população negra. Ainda nesse ano é promulgada a nova Constituição que, no seu artigo 5º, XLII, reconhece o racismo como crime inafiançável e imprescritível, ao mesmo tempo em que abre caminho para se estabelecer a legalidade das ações afirmativas, ao legislar sobre direitos sociais, reconhecendo os problemas de restrições em relação aos portadores de deficiências e de discriminação racial, étnica e de gênero.
1995 - durante o governo de FHC adota-se a primeira política de cotas, estabelecendo que as mulheres devem ocupar 30% das vagas para as candidaturas de todos os partidos. Nesse mesmo ano, em novembro, acontece em Brasília a Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, quando foi entregue ao governo o Programa de Superação do Racismo e da Desigualdade Racial, com as seguintes sugestões: incorporar o quesito cor em diversos sistemas de informação; estabelecer incentivos fiscais às empresas que adotarem programas de promoção da igualdade racial; instalar, no âmbito do Ministério do Trabalho, a Câmara Permanente de Promoção da Igualdade, que deverá se ocupar de diagnósticos e proposição de políticas de promoção da igualdade no trabalho; regulamentar o artigo da Constituição Federal que prevê a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; implementar a Convenção Sobre Eliminação da Discriminação Racial no Ensino; conceder bolsas remuneradas para adolescentes negros de baixa renda, para o acesso e conclusão do primeiro e segundo graus; desenvolver ações afirmativas para o acesso dos negros aos cursos profissionalizantes, à universidade e às áreas de tecnologia de ponta; assegurar a representação proporcional dos grupos étnicos raciais nas campanhas de comunicação do governo e de entidades que com ele mantenham relações econômicas e políticas. Como resposta, em 20 de novembro de 1995, Fernando Henrique Cardoso cria, por decreto, o Grupo de Trabalho Interministerial - GTI - composto por oito membros da sociedade civil pertencentes ao Movimento Negro, oito membros de Ministérios governamentais e dois de Secretarias, encarregados de propor ações de combate à discriminação racial, promover políticas governamentais antidiscriminatórias e de consolidação da cidadania da população negra e apoiar iniciativas públicas e privadas com a mesma finalidade.
Como base para o GTI foram utilizados vários tratados internacionais, como a Convenção n.111, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, assinada pelo então presidente Costa e Silva naquela fatídico ano de 1968, no qual o país se comprometia, sem ter cumprido, a formular e implementar políticas nacionais de promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento no mercado de trabalho. Somente após pressão e protestos da sociedade civil e da Central Única dos Trabalhadores, é então criado o Grupo de Trabalho para Eliminação da Discriminação no Emprego e na Ocupação - GTEDEO, composto por representantes do Poder Executivo e de entidades patronais e sindicais, também no ano de 1995.
1996 - A recém criada Secretaria de Direitos Humanos lança, em 13 de maio, o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNHD, que tinha entre seus objetivos "desenvolver ações afirmativas para o acesso dos negros aos cursos profissionalizantes, à universidade e às áreas de tecnologia de ponta", "formular políticas compensatórias que promovam social e economicamente a comunidade negra" e "apoiar as ações da iniciativa privada que realizem discriminação positiva".
2002 - no final do governo de Fernando Henrique Cardoso foi lançado o II Plano Nacional de Direitos Humanos, que reconhece os males e os efeitos ainda vigentes causados pela escravidão, então tratada como crime contra a humanidade.
2003 - o governo de Luiz Inácio Lula da Silva promulga o decreto que reconhece a competência do Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial - CERD, para analisar denúncias de violação de direitos humanos, como previsto no art. 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 7 de março de 1966. Também em 2003 é criada a Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial - SEPIR e, subordinada a ela, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR, visando apoio não apenas à população negra, mas também a outros segmentos étnicos da população brasileira, combatendo o racismo, o preconceito e a discriminação racial, e tendo como meta reduzir as desigualdades econômica, financeira, social, política e cultural, envolvendo e coordenando o trabalho conjunto de vários Ministérios. Nesse mesmo ano também é alterada a Lei 9.394, de 1996, que estabelece as diretrizes da educação nacional, para, através da Lei 10.639/03, incluir no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, segundo seu artigo 26-A, I, "estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil."
2010 - entra em validade o Estatuto da Igualdade Racial que, entre outras coisas, define o que é discriminação racial ("distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em etnia, descendência ou origem nacional"), desigualdade racial ("situações injustificadas de diferenciação de acesso e oportunidades em virtude de etnia, descendência ou origem nacional"), e regula ações referentes às áreas educacional, de propriedade rural, comunidades quilombolas, trabalhista, cultural, religiosa, violência policial etc.
A "caçada" a Caçadas de Pedrinho - Acima estão apenas alguns dos "melhores momentos" da luta contra o racismo e a desigualdade. Há vários outros que deixo de fora por não estarem diretamente ligados ao caso. Eu quis apenas mostrar que o parecer do MEC não é baseado em mero capricho de um cidadão que se sentiu ofendido pelas passagens racistas de Caçadas de Pedrinho, mas conta com o respaldo legal, moral e sensível de ativistas e educadores que há anos estão lutando para estabelecer políticas que combatam o racismo e promovam a formação não apenas de alunos, mas de cidadãos.
Em junho de 2010, o Sr. Antônio Gomes da Costa Neto (Técnico em Gestão Educacional da Secretaria do Estado da Educação do Distrito Federal, mestrando da UnB em Educação e Políticas Públicas: Gênero, Raça/Etnia e Juventude, na linha de pesquisa em Educação das Relações Raciais) encaminhou à SEPPIR denúncia de conteúdo racista no livro Caçadas de Pedrinho. A SEPPIR, por sua vez, achando a denúncia procedente, protocolou-a no Conselho Nacional de Educação. Foi providenciado um parecer técnico, por pedido da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), realizado pela técnica Maria Auxiliadora Lopes, que é subcoordenadora de Educação Quilombola do MEC, e aprovado pelo Diretor de Educação para a Diversidade, Sr. Armênio Bello Schimdt. O parecer técnico diz assim:
"A obra CAÇADAS DE PEDRINHO só deve ser utilizada no contexto da educação escolar quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil. Isso não quer dizer que o fascínio de ouvir e contar histórias devam ser esquecidos; deve, na verdade, ser estimulado, mas há que se pensar em histórias que valorizem os diversos segmentos populacionais que formam a sociedade brasileira, dentre eles, o negro."
Em outro momento:
"Diante do exposto, conclui-se que as discussões pedagógicas e políticas e as indagações apresentadas pelo requerente ao analisar o livro Caçadas de Pedrinho estão de acordo com o contexto atual do Estado brasileiro, o qual assume a política pública antirracista como uma política de Estado, baseada na Constituição Federal de 1988, que prevê no seu artigo 5º, inciso XLII, que a prática do racismo é crime inafiançável e imprescritível. É nesse contexto que se encontram as instituições escolares públicas e privadas, as quais, de acordo com a Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), são orientadas legalmente, tanto no artigo 26 quanto no artigo 26A (alterado pelas Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008), a implementarem nos currículos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio o estudo das contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente as matrizes indígena, africana e européia, assim como a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena."
Não há censura, boicote ou banimento. O parecer técnico fala sobre orientação, contextualização, preparo do educador para trabalhar a obra na sala de aula. Ouvi pessoas bradando contra uma possível nota acrescentada ao livro, dizendo que isso em si já seria uma mordaça ou um desrespeito à obra de Lobato. Será que isso valeria também para a nota existente no livro, alertando as crianças que já não é mais politicamente correto atirar em onças? É assim:
"Caçadas de Pedrinho teve origem no livro A caçada da onça, escrito em 1924 por Monteiro Lobato. Mais tarde resolveu ampliar a história que chegou às livrarias em 1933 com o novo nome. Essa grande aventura da turma do Sitio do Picapau Amarelo acontece em um tempo em que os animais silvestres ainda não estavam protegidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), nem a onça era uma espécie ameaçada de extinção, como nos dias de hoje." (p. 19).
Não que eu tenha nada contra as coitadas das onças, espécie ameaçada de extinção, mas será que as crianças não mereceriam também um pouco mais de consideração? O próprio Lobato, depois de ser acusado de ofender os camponeses com sua caracterização de Jeca Tatu como o responsável por sua própria miséria, reconhece o erro e pede desculpas públicas através do jornal O Estado de São Paulo, escrevendo também o mea-culpa que passaria a integrar a quarta edição de Urupês, em 1818:
"Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharada cruel que te faz feio, molenga, inerte. Tens culpa disso? Claro que não".
Ou seja, o próprio Lobato, nesse caso, levou em consideração o que é dito em uma de suas frases mais citadas por quem quer demonstrar a importância dos livros na formação de uma sociedade: "Um país se faz de homens e livros". Não devemos nos esquecer que, tanto na frase como no ato citado acima, ele coloca o homem em primeiro lugar.
Outras contextualizações - Não é a primeira vez que uma obra considerada clássica sofre críticas ou até mesmo revisões por causa de seu conteúdo racista. Aconteceu, por exemplo, com o álbum "Tintim no Congo", do belga Hergé. Publicadas a partir de 1930, as tirinhas reunidas nesse álbum contam as histórias de Tintim em um Congo ocupado pela Bélgica. Por parte de Hergé, a obra foi revisada duas vezes, a primeira em 1946 e a segunda em 1970, reduzindo o comportamento paternalista dos belgas e suavizando algumas características mais caricaturadas dos personagens negros. Para justificá-las, Hergé declarou que as tiras tinham sido escritas "sob forte influência da época colonial", chamando-as de seu "pecado da juventude". O álbum revisado é publicado hoje no Brasil pela Companhia das Letras, a mesma editora de Caçadas de Pedrinho, e traz a seguinte nota de contextualização:
"Neste retrato do Congo Belga, hoje República Democrática do Congo, o jovem Hermé reproduz as atitudes colonialistas da época. Ele próprio admitiu que pintou o o povo africano de acordo com os estereótipos burgueses e paternalistas daquele tempo - uma interpretação que muitos leitores de hoje podem achar ofensiva. O mesmo se pode dizer do tratamento que dá à caçada de animais.”
Tintim na França - matéria reproduzida da France Presse e publicada na Folha de São Paulo, em 24/09/2007, conta que o O Movimento Contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos (MRAP), uma das mais importantes organizações francesas contra o racismo, solicitou à editora Casterman que incluísse em suas edições de Tintim um alerta sobre o conteúdo e contra os preconceitos raciais. Outras organizações, como o Conselho Representante das Associações Negras (CRAN) já tinham se manifestado contra o álbum anteriormente, chegando a solicitar, inclusive, que a editora parasse de publicá-lo. Segundo Patrick Lozès, presidente da CRAN, "os estereótipos sobre os negros são particularmente numerosos" e "os negros são mostrados como imbecis e até mesmo os cachorros e os animais falam francês melhor".
Tintim na Inglaterra - em julho de 2007, depois de pronunciamento da Comissão Britânica pela Igualdade das Raças (BCRE), acusando o álbum de racista, uma das grandes redes de livrarias Britânicas resolveu passá-lo da prateleira de livros infantis para a prateleira de livros para adultos, reconhecendo que os congoleses são tratados como "indígenas selvagens parecidos com macacos e que falam como imbecis". Alguns anos antes, a editora britânica de Tintim no Congo, a Egmont, tinha se recusado a editar o álbum, voltando atrás por pressão de leitores, mas publicando-o com uma tarja de advertência sobre seu conteúdo ofensivo.
Tintim na Bélgica - um congolês, estudante da Universidade Livre de Bruxelas, entrou na justiça belga com queixa-denúncia e solicitação para que o álbum fosse retirado de circulação.
Tintim nos Estados Unidos - o álbum Tintim no Congo foi retirado das prateleiras da Biblioteca do Brooklyn, em Nova York, ficando disponível apenas para consulta solicitada.
Adaptações e a integridade de um clássico - Creio que alguns dos que hoje exaltam a genialidade do escritor Monteiro Lobato podem não tê-lo lido de fato, conhecendo seu universo através das diversas adaptações de suas obras para a televisão. Esses, com certeza, conhecem uma versão completamente filtrada do conteúdo dos livros; e seria interessante ficarem atentos os que reclamam de censura e de ditadura do politicamente correto. Segundo matéria do Estado de São Paulo em 01/11/2010, uma parceria entre a produtora Mixer e a Rede Globo levará ao ar em outubro de 2011 uma temporada em animação de 26 episódios baseada no Sítio do Picapau Amarelo. Em entrevista ao jornal, o diretor executivo da Mixer contou que "resquícios escravocratas em referência a Tia Nastácia serão eliminados da versão". Outra mudança, segundo ele, é em relação ao pó de pirlimpimpim: "No original, eles aspiravam o pó e 'viajavam'. Na versão dos anos 80, eles jogavam o pó uns sobre os outros. Ainda não decidimos como será agora".
Ou seja, desde que foi para a televisão, a obra de Monteiro Lobato tem sido adaptada, suavizada, contaminada pelo "politicamente correto". Talvez seja essa a "lembrança" de boa parte dos que dizem não ver racismo na obra de Lobato. Não seria o caso de brigar para que as referências racistas sejam mantidas, porque assim os pais também podem discutir racismo com os filhos que assistem TV Globinho? Ou que o pó de pirlimpimpim volte a ser cheirado para que as crianças, em contato com uma possível incitação ao consumo de drogas e sem nenhuma orientação, descubram por si só que aquilo é errado? Ou é ilegal, como também o é a adoção no Programa Nacional Biblioteca da Escola de obras que não obedeçam ao critério de ausência de preconceitos e estereótipos ou doutrinações.
Mesmo assim, o MEC pede apenas um preparo do educador, uma nota explicativa, uma contextualização. E as pessoas, principalmente as brancas, dizem que não pode, que é um absurdo, um desrespeito com o autor. Desrespeito maior é não se colocar no lugar das crianças negras matriculadas no ensino público médio e fundamental, é não entender que uma nota explicativa que seja, uma palavrinha condenando o que nela causa tanta dor, pode não fazer diferença nenhuma na vida de adultos, brancos, classe média ou alta e crianças matriculadas em escolas particulares; mas fará uma diferença enorme nas vidas de quem nem é levado em conta quando se decide sobre o que pode ou não pode ferir seus sentimentos. Desrespeito é não reconhecer que o racismo nos divide em dois Brasis; um que se fosse habitado só por brancos (ricos e pobres), ocuparia o 30º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e cairia para 104º lugar se fosse habitado só por negros (ricos e pobres). Ainda pretendo escrever um texto sobre manifestações de racismo na escola e sua influência nos primeiros anos de vida e de educação de brancos e negros. Mas, por enquanto, para quem chegou até aqui e continua achando que não há nada demais em expressões como "macaca de carvão", "urubu fedorento", "beiço", "carne preta", seja nos dias de hoje ou nos dias de escravidão, deixo apenas uma frase que poderia ter sido dita por outro personagem negro de Monteiro Lobato: "O vício do cachimbo deixa a boca torta".
Ana Maria Gonçalves, negra, escritora, autora de Um defeito de cor
20 de novembro de 2010 - Dia da Consciência Negra
(Acessado em 23/11/2010, no blog O biscoito fino e a massa, http://www.idelberavelar.com)
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
PARA OUVIR E ENTENDER A ESTRELA
não trouxer boneca preta
neste Natal
meta-lhe o pé no saco!
CUTI
Mulata Exportação
“Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega exportação, vem meu pão de açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê?)
Minha tonteira minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol, entendeu meu gelol?
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada. Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado...”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:
Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!
Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!
(Da série “Brasil, meu espartilho”)
sábado, 20 de novembro de 2010
Sistema penitenciário é tema de seminário em São Paulo
Seminário: Encarceiramento em Massa - Símbolo do Estado Penal
Representantes de movimentos sociais, pesquisadores, ex-presos, familiares de presos e representantes do judiciário discutirão, entre os dias 07, 08 e 09 de dezembro, os principais impasses e dilemas do sistema penitenciário brasileiro. Intitulado “Encarceramento em massa: símbolo do Estado Penal”, o encontro vai discutir temas como a política de apartheid do estado penal brasileiro, a criminalização das populações marginalizadas, as políticas de encarceramento em massa e as conseqüências sociais da institucionalização.
“Queremos discutir as práticas e ideologias estatais que transformam as prisões brasileiras, especialmente as paulistas, em verdadeiros centros de terror. É hora de discutirmos também como o direito penal tem se convertido em estratégia de legitimação dessa lógica fascista de encarceramento dos pobres e negros”, dizem os representantes do Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus, uma das entidades organizadoras do seminário.
Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), entre 1995 e 2005 o Brasil registrou um crescimento de 143,91% na sua população carcerária e já pode ser considerado como uma das principais ‘democracias penais’ do mundo. O termo, utilizado por pesquisadores e militantes sociais, chama a atenção para as contradições ilegitimidade de um regime que se quer democrático, mas segue com uma política sistemática de encarceramento em massa de indivíduos pertencentes a grupos historicamente marginalizados.
O seminário acontecerá na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Os interessados em participar do evento podem fazer a inscrição por formulário eletrônico no site http://www.tribunalpopular.
org/ ou pelo email tribunalpopular2010@gmail.com.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Comentários sobre a "Trégua"
Muito boa trégua!
Estamos vizinhos dessa luta pela manifestação da arte. por acaso encontrei o seu blog e aqui estou para divulgar meu projeto e lhe pedir parceria
http://cepsaopaulo.blogspot.com
Abraços
Eduardo Santos
29 de outubro de 2010 07:45
Comentário excluído
Esta postagem foi removida pelo autor.
30 de outubro de 2010 03:55
Terno disse...
Pode Cre Du,
Porem ainda permaneçe muitos Tumulos para serem visitados, apesar da alta redução de homicidios.
È...
o estado não pois ordem, e o crime se organizou por conta disso.
Alem da queda de homicidios, acabou com os estrupos nas cadeias e "Febem" Até o nome foi mudado porque fezmal.
Quem diria, que o crime contribuiria para dias melhores.
Mas se os homicidios cairam, o consumo de Drogas aumentaram.
è só olharmos nossas crianças com apenas 10 anos se acabando no Lança, Balinha, Maconha, e por ai vai.
sem falar no trabalho realizado nas biqueiras.
Se caiu os homicidios vamos brigar pelo fortalecimento de mente produtivas.
Vamos dar exemplos bons a molecada.
PAZ
30 de
Tempos Difíceis ou Metralhadora de Chocolate
Nossas muralhas foram destruídas e o inimigo circula livremente pelo território, quase todo ele dominado. Por isso as trincheiras perderam o sentido e agora são usadas contra as enchentes. As armadilhas, que eram simples, mas que nos tornavam menos vulneráveis, tiveram seus segredos revelados e agora são motivos de piada.
Bases militares inimigas são instaladas a cada dia a menores distâncias uma da outra
Nosso exército, que já era fraco, foi quase todo ele cooptado e muitos ex-soldados nossos estão agora usando informações privilegiadas a nosso respeito para, por meio dos estereótipos e tipos ideais, fortalecer a dominação inimiga.
Após nossas estratégias serem entregues aos inimigos, estes a inverteram contra nós. Por exemplo, o Rap, aquele que reunia 40 - 50 mil favelados mal encarados no vale do Anhangabaú para ouvir seu raivoso discurso foi quase todo convencido que é melhor fazer arte do que fazer a arte da guerra. Por isso não desperta mais as paixões políticas que despertava quando era um revelador de verdades. Ele agora é oficial, fala de dentro de instituições que na maioria das vezes são de caráter não governamental, mas que firmam parcerias pelegas para fazer o trabalho sujo, se é que há o limpo, do governo. Tais instituições cooptam nossos soldados e propagam, “de bem de pertinho de nós”, a ideologia neoliberal.
Nossa Central de Trabalhadores que muito nos ajudou a avançar, ou pelo menos a não retroceder nos direitos trabalhistas, também entrou no jogo da cooptação. É agora um braço do Estado, tem verba oficial e tudo o mais. Enfim, foi tomada. O inimigo assumiu sua administração.
O único partido político que nos representava nacionalmente (oh! evolução do capitalismo!) foi posto no poder. Por isso, a cooptação dos militantes, desarticulou as movimentações populares.
E o pior de tudo é que os cooptados tiveram seu egoísmo aflorado e gritam numa só voz que tudo vai bem, que os avanços são muitos! Ficaram cegos diante do pequeno poder que lhes foi ofertado e estão “mais felizes que pinto no lixo”. Nos traíram.
Estamos perdendo feio esta guerra, esta luta entre classes, mas ela ainda não acabou. Porém, no atual momento, o inimigo avança. Avança porque nossas estratégias foram desarticuladas e nossas armas são de brinquedo: cospem bolinhas de sabão; disparam bandeirinhas brancas.
Du.
sábado, 30 de outubro de 2010
Diego Beat Box e Banca dos Loucos Para MALOTE
Passaou tambem pelo palco: Panico Brutal, Abelha Show, Confissamba, Lado Obscuro, Cla raça Forte, Conexão Poular entre outros:
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Trégua
Parece ser o fim dos assassinatos cotidianos, do sangue escorrendo ou já seco nas vielas e ruas das quebradas. É o fim das caravanas até os cemitérios nos dias de finados. É quase o fim também das vaquinhas pro paletó de madeira e pro ônibus.
Chega de mães com seus 35kg, perambulando pelas ruas em busca de um abraço. Se pá, já era também as metáforas com significados de morte.
Chega de luto.
Em São Paulo, nas quebradas, as pessoas estão se matando 80% menos do que há dez anos atrás. Parece que estamos diante de uma trégua, um milagre que não foi feito pelas autoridades competentes, por nenhuma política pública.
Quem mora nas quebradas sabe que, aqui, os assassinatos são sempre entendidos pelo Estado como guerra entre quadrilhas. Por isso, não são investigados, o que dá ao homicida uma espécie de privilégio, quando comparado ao tratamento dado a outros criminosos como assaltantes, por exemplo.
Então, por duas décadas (os anos 80 e 90), os homicidas agiram livremente nas favelas de SP. Não são raras as histórias de assassinos extremamente poderosos no seu local de moradia. Algumas regiões anotavam a cifra de 60 assassinatos em um único mês e o Estado nada fazia, nada fez – embora diga o contrário.
Agora, nas favelas de SP, qualquer morador maior de 20 anos sabe explicar o motivo da redução de mortes. Mas isso interessa a poucos, pois a favela é pouco estudada, exceto por antropólogos. Estes, diga-se de passagem, muitas vezes a estudam de forma irresponsável e, muitas vezes, sequer acreditam que somos verdadeiras comunidades.
Munidos de um método minimamente coerente, perceberíamos que a favela representa uma parcela da classe trabalhadora que realiza os trabalhos mais duros, pelos menores salários, sem a solidariedade da classe média, e sem a proteção do Estado.
Mas agora, correndo menos risco de sermos assassinados.
Ainda assim, é triste.
Du.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Favela na área – futebol, rap, samba... e muita camisa vendida
Em 7 anos, o número de peças vendidas (sem levar em conta os conjuntos de agasalhos e acessórios), chega ao invejado número de 3.836, o que dá uma média de 548 camisas por ano, ao preço médio de R$40,00 – façanha incomum em se tratando de um pequeno time de várzea, e não de uma loja de roupas.
De acordo com Maciel Mota de Almeida, o Terno, 33 anos, integrante do grupo de rap Pânico Brutal (grande apoiador da fundação do time) e presidente do Favela, como é chamada a equipe, o sucesso na venda das camisas se deve a vários fatores e o primeiro deles tem a ver com a questão estética pois são camisas bonitas, de boa qualidade, estrategicamente pensadas para agradar ao público periférico.
A escolha dos modelos não é feita aleatoriamente: todos os membros do time e até mesmo da torcida participam da sua criação, opinando sobre a disposição das cores (preto, laranja e branco), qual o melhor tecido, o mascote da vez, etc. A escolha do símbolo, por exemplo – bem simples, para que qualquer um possa reproduzi-lo – e o lema do time (futebol, rap e samba), também é obra coletiva. E nem é por acaso também que o time se chama Favela, já que todos os seus jogadores moram no complexo de favelas que compõem a geografia do Parque Bristol e arredores.
O segundo grande motivo para que tantas pessoas, literalmente, vistam a camisa do Favela, ainda segundo seu presidente, é o fato de a equipe ser bem vista pela torcida e pelas outras pessoas em geral. Isso porque, afirma Terno, o elenco é simpático, o time tem uma política interna pacificadora e joga bem, apesar de viver tempos de “vacas magras, de vez em quando” – o que não parece ser o caso atual: até o agosto, o time havia perdido apenas 5 dos cerca 20 jogos disputados em 2010.
Em 2004, no aniversário de um ano do time, durante a grande festa que se fez, um segundo modelo de uniforme foi lançado, junto com as novas camisas de torcida. Com esse novo modelo, o time atingiu a marca de mil camisas vendidas e a marca “Favela” – que por enquanto não tem registro oficial – começou a se espalhar não apenas no bairro, mas também em outras cidades, Estados e até outros países, como Itália, EUA e Uruguai.
Uma terceira e forte razão para a boa saída das vestimentas com o nome do time, parece ser o “detalhe solidário”, pois são vendidas a preço de custo. Não há lucro financeiro decorrente deste incipiente comércio. “o lucro vem em forma de marketing”, diz Terno. “Quem banca o time é a diretoria. Nem mensalidade nós cobramos. Quando precisamos de mais dinheiro do que diretoria pode bancar, fazemos bingo, rifas e excursões”.
O preço das camisas - R$40,00, valor ainda alto para os padrões da comunidade - deve-se à boa qualidade do produto, pois as roupas do favela costumam durar anos e, sob encomenda, ainda vêm personalizadas, com o nome do comprador impresso, ao gosto do freguês.
Pensando no público que não pode pagar por uma camisa deste preço, ainda que seja o de custo, em 2005 foi lançado uma nova leva, que mantinha as cores e procurava manter a qualidade da roupa, mas modificava o tipo de tecido – barateando os custos. De lá para cá, vários outros modelos foram lançados, todos com bastante aceitação, bastante sucesso. Para 2010 está previsto ainda o lançamento de um modelo infantil e outro, exclusivamente, feminino.
Mas se o preço, a simpatia dos jogadores e o fato de serem criadas intencionalmente para agradar a periferia, explicam o sucesso nas vendas, nada disso explica a coragem de tantas pessoas em usar uma vestimenta que as ligue à classe mais pobre, mais marginalizada e menos valorizada da nossa sociedade. Isso faz crer que talvez o motivo maior desse pequeno fenômeno de venda esteja relacionado ao orgulho de pertencer a uma classe, a um time de gente que, apesar de tudo, das péssimas condições de vida, encontra na auto-organização, no apoio mútuo, a força para prosseguir de domingo a domingo, jogo após jogo, em busca de vitória e melhores condições.
Unidos pela Força da Amizade – UFA!
“Ei, você aí!
Não adianta nem brigar
Que a UFA vai correr.
UFA!”
O grito de guerra sela o acordo e reforça, com humor, uma das características mais importantes e prezadas pelo time e pela torcida organizada do Esporte Clube Favela (a Unidos pela Força da Amizade – UFA): a união para o bem comum, a proibição de brigas e confusões de todo tipo, o colocar em jogo a paz, só para tê-la como troféu no final de cada jogo, regado a rap, samba, refrigerante e cerveja, para quem goste.
Nem todos os que querem podem pertencer à UFA e já havia sido assim com a primeira leva de camisas do time que foi vendida a poucos amigos e familiares, para evitar que o nome do time (que, devido à criminalização da pobreza e ao preconceito, já carrega um sentido pejorativo) pudesse ser identificado com a criminalidade e causasse problemas aos jogadores. Assim, quem não jogasse de acordo com as regras era expulso do time e, se fosse torcedor, não poderia comprar a camisa. Hoje, qualquer um já pode comprá-la pronta ou encomendar a sua, mas, com a UFA, ainda valem as regras antigas. “É uma questão de segurança para os jogadores e torcedores”, afirma Terno.
Além do futebol
A auto-organização para fins diversos, inclusive o lazer, não é novidade em lugar nenhum, e muito menos nas periferias das grandes cidades brasileiras. São testemunhas disso o sem número de grupos musicais de todos os ritmos, os grupos de teatro amador, de dança, as crews, as posses, os núcleos culturais e políticos, as associações de moradores e os muitos e diversos movimentos populares que pululam em quase todos os lugares onde o Estado particularmente deixa suas lacunas.
Os times de várzea, assim como tantos outros movimentos populares, preenchem algumas desta lacunas, alimentando, em milhões de meninos, o sonho de ser um grande atleta e funcionando, na prática, como uma verdadeira escola onde se pode aprender e treinar as habilidades necessárias para “correr atrás” dos seus sonhos, além de funcionar como válvula de escape para pais de família que preferem protagonizar o jogo, ainda que como torcida, ao invés de apenas figurar como (tele)expectador.
Por fim, embora, na maioria dos casos os times de várzea careçam de formação e objetivos políticos transformadores, eles oferecem algum paliativo neste horizonte com pouca notícia da revolução.
O Favela, por exemplo, além do futebol rap e samba que compõem o seu lema, tem a pretensão de ser um agente e um espaço de valorização da periferia e de suas manifestações culturais. Assim, além do futebol e da confraternização (com rap, samba, cerveja e refrigerante) semanal, o time promove ainda excursões (que promovem o lazer e, de quebra, ainda reforçam o caixa do time), mantém uma bateria que, em breve, deverá se tornar bloco carnavalesco, e o Favela promove ainda, em determinadas épocas do ano, bailes de rua onde podem se apresentar os músicos do bairro.
Perguntado se o Favela vai se tornar grife, Terno responde que sim, que este é um desejo que está no horizonte do time, assim como pretendem conquistar um patrocinador que não queira mudar o caráter do clube. Mas essas coisas, segundo ele, não são o principal. O principal já está acontecendo. O time se mantém em campo. A favela está na área.
domingo, 10 de outubro de 2010
Salve-se maloca Espaço Cultural
O Maloca Espaço Cultural ainda sobrevive em meio as escombros.
Porem não é os membros do Nucleo Cultural Poder e Revolução que estão dando vida ao local.
Quem hoje pegou para dar cara nova ao local foi o POVO da Favela,
A molecada limparam, pintaram, fizeram churrasco, e ouviram muita musica.
Eu me senti muito feliz quando soube desta ideia da molecada, que pretendem realizar no dia 12 a segunda festa do dia das crianças no local.
O Maloca é Lindo,
O Maloca esta lindo
No Maloca me sinto em casa
No maloca sinto vontade de chorar, ao pensar em toda nossa dedicação, nosso comprometimento, nossa amizade.
Pena que as coisas não são como queremos.
Saudosa sempre sera Nossa Maloca.
Maloca das Oficinas de MCs
Maloca da Biblioteca Comunitaria Livro Pra Que Te Quero
Maloca do Nosso Sarau do Caldo
Nosso Paredão
Nossa Posse
Nossas Reunioes
Nossos Projetos Nossos Sonhos
Salve-se Maloca
domingo, 3 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
Politica
Política Ataliba E A Firma
Nossa vida mais e mais ficando crítica
Basta olhar que você vê que a vida cívica
Deteriora tanto quanto a coisa pública
Quanto choro, quanta fome, quanta suplica
Quanto nojo de saber que gente estúpida
De mamatas vão vivendo na república
chegou lá sem declarar riqueza subita
Joga o jogo de enganar postura física
De enganar figura lá postura cênica
Vem política estúpida e anêmica
Vem política raquítica, cínica
Choque vai, vem inflação de forma cíclica
Nem precisa consultar a estatística
Pois de fato a gente sente a vida rústica
Que não há como mudar o tom da música
Pois vai mudar, vai melhorar, vai ficar nítida
Sua alegria de viver será explícita
Nos palanques bem montados, boa acústica
São patéticas promessas de política
De política em política (3x)
Essa política gerando gente cínica
povo mais cada vez ficando cético
Gabiru será um dia milimétrico
São escândalos, processos quilométricos
São seqüestros, falcatruas sem inquéritos
Ser parente se promove pelo mérito
Superfaturada a compra, coisa ilícita
Divulgado o resultado da balística
Só se tinha um tiro certo para o céfalo
Deram dois na inflação, efeito ínfimo
Galopante volta a fera, segue o ritmo
Qual doença degradando o corpo aidético
Então o político declara ser o médico
Diagnostica que a cura é pelo empréstimo
Com certeza vai querer morder o dízimo
E ao problema ele receita um analgésico
E toda verba vai pro bolso dos corruptos
E todo o povo ajoelhado ante o púlpito
Ora a deus, pede luz para o facínora
Encarnado na figura do publícola
Avanço no futuro, cibernética
Com videogame, disc-laser, informática
Mili-dados vão na fita magnética
E essa política atrasando o sul da América
Demagogia se tornando vida prática
Recessão na economia mais estática
A gente não sabemos nem uma gramática
E na saúde como a coisa está dramática
Se ganho vinte: noves-fora, matemática
Lá vai imposto numa construção lunática
Teve debate na TV caiu na sátira
Lobbies lobos lambem lá de forma sádica
Outros bobos querem resolver na mágica
Alguns acharam a solução compondo máximas
Outros já preferem agir de forma tácita
E tudo via se aprofundando na retórica
E de política o povo está com cólicas
E vai levando na sua vidinha módica
Quando o que dá risadas, sente cócegas
Do salário de miséria, coisa cômica
Parlamentarismo, monarquia ou republica
Muda o nome e terão todos forma única
Se não mudar a mentalidade lúdica,
modo de se encarar a coisa pública
Enquanto isso a esperança mais umbrícola
Secando a roupa no varal ainda úmida
sol batendo numa gota d'água fúlgida,
Que será de nós e de nosso habitat ...
Suando as mãos nós limparemos a política
A inflação é conseqüência desse cólera
E todo mal que nos assola é uma alíquota
Cujo montante principal é a política
Essa política sem lógica, sem nexo
Essa política do próprio paradoxo
Essa política larica mais que tóxico
Essa política do fight bem no plexo
Essa política que não respeita sexo
Essa política perdida em circunflexo
Essa política mentiras em anexo
Essa política do choque heterodoxo
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Sarau Perifatividade
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Novidade: Caloteiro Calote - Panico Brutal
MC Wendel veio para renovar o espirito do Panico Brutal, e assumir o grupo na falta de algum membro, pois o tempo pass e nós passaremos tambem,
Porem deixaremos no Rap Nacional e na cabeça da Molecada nossa mensagem.
Atravez da nova geração Rap;
Novo
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Do fanzine ao blog: literatura e periferia na era digital
O jornal The New York Times, há pouco tempo publicou uma matéria em que um ilustre sabido, Nicholas Negroponte, chamado de “visionário digital” por Nick Bilton, repórter, afirmava que o livro impresso, tradicional, já teria morrido, ficado obsoleto.
Em fins da década de 1990 e princípio de 2000, entretanto, a Internet ainda era, para a maior parte da população brasileira, uma tímida e distante possibilidade que, mesmo quando acessível, era cara, lenta e instável. Nos dias de hoje, percebe-se não só uma melhora na qualidade e um barateamento nos custos de acesso, como uma infinidade de recursos vem sendo criados a cada dia, possibilitando uma maior interação entre internautas, mesmo àqueles que só navegam neste universo via lan houses, “telecentros” e outros estabelecimentos e programas governamentais de acesso público e controlado.
Sem querer repetir o que outros muitos já disseram, apesar de ainda haver muito o que avançar, não dá para negar que houve sim um princípio de democratização, de inclusão digital no Brasil, e a literatura, que antes circulava entre poucos, via livros tradicionais, fanzines, cartas, postes e nas gargantas dos saraus, hoje também pode ser encontrada, sem grande dificuldade, na web.
Caso semelhante parece estar ocorrendo na relação entre os fanzines (pequenos jornais alternativos e quase sempre artesanais) e os blogs (os badalados “diários eletrônicos”). Naquele mesmo momento em que a Internet era tão rara em nosso país, o mesmo não se pode dizer da quantidade de fanzines que circulavam entre jovens de diversos coletivos Brasil afora. Praticamente todo grupo politicamente organizado, mesmo que informalmente, mantinha um zine mais ou menos periódico. Era uma forma de divulgar idéias e, no caso da literatura, especialmente a mais marginalizada, torná-la pública e acessível, sem a intermediação das editoras.
A pesquisadora Florentina da Silva Sousa, em seu livro Afrodescendência em Cadernos Negros e Jornal do MNU (Editora Autêntica, 2005), diz que os grupos minoritários sempre buscaram alternativas para tornar publica a sua arte, à revelia do mercado editorial e da academia, que dita o cânon. Mas, com a Internet, quase tudo parece ter se descomplicado e, posso dizer, pela minha própria experiência, que criar um blog é ainda mais fácil que um fanzine: o Dr. Google ensina.
Os fanzines Boletim do Kaos, do escritor Alessandro Buzo, o Efeito Colateral, de Rodrigo Ciríaco e o Literatura no Brasil, da Associação Cultural Literatura no Brasil são bons exemplos de zines dedicados à literatura marginal e ao cotidiano periférico, que se digitalizaram e, com isto ganharam em visibilidade e em conteúdo.
Como resultado, tal qual antes havia antes uma infinidade de fanzines que incluíam a literatura em seu conteúdo fixo, pulula hoje uma infinidade de blogs, muitos deles, como os antigos zines, completamente dedicados à literatura dita periférica ou marginal.
Os fanzines teriam morrido, como os livros de papel citados por Negroponte? Há que se considerar a resposta, pois até pode ser verdade que o número de edições de fanzines vem diminuindo ano a ano e o número de blogs, inversamente, vem crescendo - até eu, há tempos não produzo um zine, embora atualize constantemente meus blogs -. Mas dizer que eles estão mortos é exagero. Se não for assim, então minha casa, cheia de zines e livros da biblioteca comunitária, virou necrotério e muita gente corre o sério risco de ser presa por “ocultação de cadáver”.
Ilimitado
Enquanto a favela ficou nos belos, mas rasgáveis fanzines, seus versos, suas crônicas e suas mil e uma histórias, pouco incomodaram à legião de leitores inconformados com a nossa prepotência em escrever e tornar pública a nossa literatura – até porque, receber um zine era uma honra para poucos. Hoje, a falta de censura, a ausência do que poderia ser um filtro de “qualidade” no meio virtual, e a possibilidade de que qualquer um acesse os textos disponíveis nos blogs, provoca a ira de muita gente. Todos os blogueiros e blogueiras têm relatos de ofensas, pedras virtuais atiradas com fúria por leitores inconformados com a nova maneira que as ditas “minorias” encontraram de se fazerem vistas.
Ódio entre classes, à parte, a visibilidade proporcionada pelo mundo virtual aos autores periféricos, produz, sem sombra de dúvida um impacto positivo na autoestima de quem, enfim se sente representado com profundidade, sem a carga negativa dos estereótipos comumente atribuídos aos pobres.
Na Internet, ainda não nos puseram limites.
De zineir@s a blogueir@s
Conheci o escritor Alessandro Buzo por volta de 2000, através de uma amiga, a Daniele. Na época, ela e eu acabávamos de participar da fundação da Posse Poder e Revolução - grupo de jovens ligados ao Hip Hop, com o objetivo de intervir política e culturalmente no bairro – e estávamos às voltas com a produção de dois fanzines, o Rajada Cultural, que era um zine coletivo, do Poder e Revolução, e o “Musa-pra-que-te-quero” – um fanzine literário que pretendia reunir para mostrar e valorizar os escritores e, principalmente, as escritoras da periferia.
O processo de confecção destes pequenos jornais artesanais era bem simples: reuníamos textos, digitávamos ou escrevíamos à mão - o que fosse possível -, recortávamos, reagrupávamos e associávamos figuras de jornais, de revistas ou de outros zines, aos textos e, por fim, tirávamos o “xerox”, com dinheiro do próprio bolso. As pequenas tiragens (20 ou 30 exemplares) eram distribuídas apenas aos amigos mais próximos, ou para as pessoas que, sabíamos, se interessariam pelo assunto.
Um dia, a Daniele veio com a notícia de que uma pessoa que morava no Itaim Paulista (outro extremo de São Paulo) havia publicado um livro sobre a situação dos trens naquela região. Para nós, isto soou como uma grande façanha, pois, enquanto nós ainda estávamos juntando poeminhas e centavos para publicar pequenos fanzines, aquele rapaz, tão morador da periferia quanto nós duas, já tinha publicado um livro inteiro!
Imediatamente entramos em contato, por carta, compramos o livro e passamos a trocar fanzines. Buzo passou a nos enviar periodicamente o seu Boletim do Kaos e nós lhe mandávamos o Musa-pra-que-te-quero.
O “Musa” se desfez e eu, mais tarde, passei a produzir meus poezines (fanzines produzidos com meus próprios poemas). O Boletim do Kaos, do Buzo, sobreviveu e tornou-se um pequeno jornal que luta para se manter a cada fim de contrato com os patrocinadores, mas se mantêm como blog complementar ao do próprio Buzo, o Suburbano Convicto.
Confira você mesmo:
Blogs do escritor Alessandro Buzo:
Suburbano Convicto
www.suburbanoconvicto.blogger.com.br
Boletim do Kaos:
http://www.boletimdokaos.blogspot.com/
Literatura Periférica:
literaturaperiferica.blogspot.com
Blog da Associação Cultural Literatura no Brasil (Suzano SP):
literaturanobrasil.blogspot.com
Blog do Poeta Sérgio Vaz
www.colecionadordepedras.blogspot.com
Blog do escritor e professor Rodrigo Ciríaco
efeito-colateral.blogspot.com
Blog do escritor Ferrez
ferrez.blogspot.com
Blog da escritora Cidinha da Silva
cidinhadasilva.blogspot.com
Fontes: BILTON, Nick Para leitores digitais, o futuro é flexível em designer e conteúdo in: Folha de São Paulo, 09/08/2010
SOUSA, Florentina da Silva, Afrodescendência em Cadernos Negros e Jornal do MNU, Editora Autêntica, 2005
Sarau Perifatividade
sábado às 19hs
Final da rua: Amélia s/n, no CINGAPURA da divisa MARISTELA/CLIMAX
Sarau Perifatividade
Temos como compromisso trazer cultura, arte e o senso crítico do cidadão. O Sarau Perifatividade é uma aliança dos envolvidos no projeto Tudo Junto e Misturado com o Núcleo Poder e Revolução. Para assim desenvolver atividades culturais como: música, arte em stencil e grafite, poesia e muito debate produtivo para a comunidade. Os movimentos de intervenção comunitária aconteceram todo último sábado do mês respectivamente:
No Cingapura, final da rua Amélia, Bar da Dona Maria s/n Jd. Climax ( referência Av. Padre Arlindo Vieira, Ponto final do onibus 4708-Jd Climax) Contatos: Paulo 61484730, Fabner 67593882, Vander 63510560. Blogs: http://poderdoescrita.blogspot.com/ e http://malocapraquetequero.blogspot.com/
contamos com a presença de ilustres poetas, poetizas e admiradores da arte englobando todos os seus gêneros...
ou seja vocês, que somaram para que o movimento aconteça.
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Utilidade Pública: PROJOVEM
O Projovem Trabalhador – Programa Nacional de Inclusão de Jovens, que oferece, gratuitamente, 10 mil vagas para cursos de qualificação profissional, tem três novidades. As inscrições foram prorrogadas para até o dia 10 de agosto e podem ser feitas também pela internet, no site www.projovemsp.com.br. Além disso, os alunos contarão com mais um incentivo: poderão sair da capacitação com emprego garantido. São cinco mil vagas de emprego na área de telemática (ligada à computação e telecomunicação), três mil em administração e dois mil no setor de alimentação. O início das aulas está programado para dia 23 de agosto.
O Projovem é uma parceria entre a Semdet – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, e o Governo Federal, por meio do Ministério do Trabalho. O objetivo é preparar e inserir jovens no mercado de trabalho, contribuir para o reconhecimento e a valorização dos direitos humanos, reduzir desigualdades e ampliar atendimento aos excluídos da escola e da formação profissional.
Na área de telemática, os cursos darão formação de operador de telemarketing, operador de microcomputador, assistente de vendas e helpdesk. Em administração, a capacitação será para auxiliar de escritório, arquivista, office boy/girl e almoxarife. E no setor de alimentação, para atendente de lanchonete/chapista, cozinheiro auxiliar e repositor de mercadorias.
Os cursos terão duração de seis meses, com uma carga horária total de 350 horas, sendo parte delas destinadas à qualificação social e parte à qualificação profissional. As aulas serão ministradas nos períodos da manhã, tarde e noite e terão início no dia 23 de agosto.
O aluno ainda contará com alguns benefícios durante o curso como: auxílio transporte, auxílio financeiro de R$ 600 divididos em seis parcelas de R$ 100, lanche, material didático (apostilas), kit escolar (mochila, cadernos, lápis e borracha) e duas camisetas.
O programa é destinado aos jovens com idade entre 18 e 29 anos que estejam em situação de desemprego, residentes no município de São Paulo, sejam membros de famílias com renda mensal de até um salário mínimo por pessoa e que estejam cursando ou tenham concluído ensino fundamental ou médio.
As listas dos alunos selecionados serão publicadas nos sites da Semdet (www.prefeitura.sp.gov.br) e do Projovem Trabalhador (www.projovemsp.com.br), sendo a primeira no dia 18 de agosto, e a segunda, no dia 27 do mesmo mês. Os interessados ainda podem se cadastrar nos CATs – Centros de Apoio ao Trabalho, nas unidades Luz, Interlagos, Lapa, Itaquera e Santana.
Endereços:
- Zona Central / CAT Luz
Av. Prestes Maia, 913
Horário de atendimento das 7h às 18h
Sábado das 7h às 13h
- Zona Sul / CAT Interlagos
Av. Interlagos, 6.122
Horário de atendimento das 7h às 18h
Sábado das 7h às 13h
- Zona Oeste / CAT Lapa
Rua Monteiro de Melo, 342
Horário de atendimento das 7h às 18h
Sábado das 7h às 13h
- Zona Oeste / CAT Lapa
Rua Afonso Sardinha, 201
Horário de funcionamento 8h às 17h
Sábado das 7h às 13h
- Zona Norte / CAT Santana
Rua Voluntários da Pátria, 1553
Horário de atendimento das 7h às 18h
Sábado das 7h às 13h
- Zona Leste / Itaquera
Rua Gregório Ramalho, 12
Horário de atendimento das 7h às 18h
Sábado das 7h às 13h