quarta-feira, 29 de agosto de 2007

CINE FAVELA NO MALOCA


Filme ENTRE NESTA DANÇA: HIP HOP NO PEDAÇO

Sinopse: ENTRE NESTA DANÇA:Hip Hop no Pedaço (You Got Served) acompanha o competitivo mundo da dança de rua, a chamada 'street dancing', na qual grupos disputam entre si em troca de dinheiro e reconhecimento. Elgin (Marques Houston) e David (Omari Grandberry) são grandes amigos e líderes do melhor grupo de dança do bairro. Quando uma outra equipe famosa da cidade os desafia, David e Elgin - ao lado de seus companheiros (Jarell Houston, DeMario Thornton e Dreux Frederic) - se vêem obrigados a criar os mais modernos movimentos e passos para conseguirem manter-se no topo. A disputa fica ainda mais acirrada quando parceiros passam a confrontar suas próprias adversidades e os reais motivos de sua discórdia vêm à tona. Até a realização na cidade da grande batalha final entre equipes, David e Elgin terão de superar suas diferenças e provar que permanecem sendo os melhores dançarinos de rua da cidade.

16 DE SETEMBRO


ÀS 16:00 HS


MALOCA ESPAÇO CULTURAL


Rua Particular,556


Parque Bristol

GRÁTIS

Realização:
Suburbano Convicto, Periférico Produções e Núcleo Poder e Revolução.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Oficina de MC's da Posse Enraizados SP




Oficina de MC’S

Ontem 26/08/07 por volta das 17:30hs as crianças já chegavam para oficina, no Espaço Cultural Maloca.

• Começando limpando a sala .


• Cada criança separou um livro ou revista para levar casa, para ler durante a semana livro este da Biblioteca Comunitária Livro-Pra-Que-Te-Quero. (os empréstimos são grátis)



Treinamos a peça de Teatro
Treinamos Melo da Chick Show
Energia do Doctor MCs

E assuntos referente ao hip-hop e seus elementos, e a sua historia

Conversarmos sobre os acontecimentos do mundo pois estamos incentivando as crianças a lerem fatos reais e assistirem ao noticiário.


Treinamos entrada do vocal em cima de caixas e bumbos.
Varias vezes até todos acertarem.

NOS APRESENTAMOS NA QUERMESSE DO FAVELA
Letras a Poluição digo não, Melo da chick show, e a peça DURMA COM OS ANJOS.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A concessão da Rede Globo deve ser renovada?


A concessão pública de radiodifusão da rede Globo vence no dia 5 de outubro.

Já se começa a pensar como serão as manifestações e discussões para este dia tão importante para a historia do povo e da TV brasileira.

A Rede Globo,é conhecida como a a TV da Ditadura ,ela manipula as informações sobre o que acontece diariamente no Brasil,e além de construir o prejudicial imaginário coletivo através de suas 6 horas semanais de novelas inúteis, do "cansástico", da Zorra Preconceitual, o "fantástico" Jô Soares dentre outros.

Uma convocatória de uma comunidade quilombola, vítima dessa emissora, foi divulgada chamando todos para protestar contra a renovação desse canal que segundo a constituição pertence aos brasileiros e não aos empresários

Casa do hip-Hop

O Walter Limonada estara fazendo o lançamento de seu livro

TROKANDO UMAS IDÉIAS E RIMANDO OUTRAS

Amanha na Casa Do Hip-Hop de Diadema, onde tera a apresentação de varios artistas, Rapper, Grafiteiros e DJs.

Local:
Casa do Hip-Hop (Jd. Canhema - Diadema - SP)
Apartir das 14:00hrs.
Entrada: FRANCA
Preço do Livro: R$ 10, 00 (Lemon-Promoção)
Maiores contatos: walterlimonada@hotmail.com

É só kolá !!!!!!!!!

Cachorro Grande em Feijoada 4. Coxinha 0!

Zé Povo é mato.
Zé Povo é o cão.
Todos os dias, eles, sentados no portão, prostrados, de pé, ou com cadeira apropriada, almofada e garrafa d´água. Equipamento pesado para atingir um objetivo que todos já conhecem: observar a vida alheia. Se é que existe isso.
Ali passam horas e dias.
Equipamento pesado.
A calçada é maciinha. A cadeira e a almofada são só para os mais velhos.
Sentados na arquibancada, eles anotam e analisam cada detalhe da cena.


É um filme que eles não perdem. Assistem todos os dias os capítulos que, devido à falta de recurso, quase sempre se repetem. Não se importam com isso não. O importante mesmo é poder interagir nas cenas. Ainda mais nas policiais.

Quando a polícia chega - equipamento pesado - arrebentando os muleque indefeso. Quando a polícia chega, covardes, sentando o pé na porta dos coadjuvantes, eles se levantam da calçada, chegam bem perto da cena, cruzam os braços – porque não podem usar armas – e ficam encarando os policiais – que naquele momento são responsáveis pela tomada principal.
E os policiais vão ficando irritado e vão ficando nervoso e vão pensano que bosta que agora nóis tem que trabaiá, nóis num pode batê, nóis num pode humilhá, nóis num pode praticá o ju-jitsu nem pent-bal. Desse jeito num dá. Num vai dá pá tentá uma carrera na globo se eu num posso mostra o melhor que eu sei fazê (matá eu sei tamém, mas isso só falo em juízo).
E eles encaram tanto que os policiais quase assumem de vez a cena. E aí teríamos coxinha com guaraná prum lanchinho.

Mas a cena segue e os de cinza assumem. E por não terem argumentos, a campana funciona. Os policiais saem ostentando todas as armas do mundo com suas, digo, nossas viaturas novinhas, $ público pra nos infernizar.
E é por isso que a campana não pode dormir.
E ainda, depois, anotam na lousa do bar:
Feijoada 4.
Coxinha 0.
E logo abaixo:

A campana é só uma das nossas armas.

convite


quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Um milhão de histórias

Movimento para debate sobre o Plano Nacional de Juventude


O Movimento Um Milhão de Histórias de Vida de Jovens acaba de lançar o CD Rom da campanha "Plano Nacional de Juventude em Pauta". O material está disponível para download no site http://www.ummilhaodehistorias.org.br/, dando início à vertente virtual da Campanha pela democratização do debate sobre o Plano Nacional de Juventude.

Em fevereiro de 2005 o governo federal criou um conselho e uma secretaria nacionais de juventude – iniciativa que faz parte de uma política voltada aos 34 milhões de brasileiros/as que têm entre 15 e 24 anos. É nesta faixa etária que se encontra a parte da população atingida pelos piores índices de desemprego, de evasão escolar, de falta de formação profissional, mortes por homicídio, envolvimento com drogas e com a criminalidade. Agora, está pronto para ser votado no Congresso Nacional um projeto de lei elaborado pela Comissão Especial de Juventude, o Plano Nacional de Juventude. Uma emenda constitucional que dê suporte ao projeto e um estatuto da juventude também estão em discussão.


O Plano aguarda votação na Câmara, e neste momento, o Movimento Um Milhão de Histórias de Vida de Jovens, criado em 2006 pelas ongs Aracati e Museu da Pessoa, se une a outras ongs para iniciar uma campanha para promover a participação dos jovens e da sociedade em geral no debate sobre o plano. A iniciativa promove círculos de encontros onde jovens são estimulados a contar suas histórias e depois, com o apoio de um facilitador, escrever um roteiro de sua própria história, que é registrada para depois ser publicada na internet. De cada círculo saem novos facilitadores para outros círculos de histórias - e assim o movimento se espalha. As histórias se tornam ferramentas para discussão de temas relacionados às condições da juventude brasileira.


O objetivo do Movimento é reunir um milhão de jovens para que, por meio da articulação de suas histórias, mobilizem organizações sociais, programas de governo e outros movimentos sociais. Também é objetivo do projeto qualificar políticas públicas de juventude e, tornar o movimento conhecido pela sociedade.


Apesar de ser uma das principais vítimas da crise sócio-econômica do país, a juventude brasileira não tem seus direitos garantidos pela lei. Ao contrário de crianças, adolescentes e idosos, os 50,5 milhões de jovens brasileiros não são protegidos pela Constituição, por um estatuto ou outro aparato legal. Só agora o Brasil está dando os primeiros passos para quitar esta dívida e colocar os jovens em condições de enfrentar desafios como o desemprego e a exclusão social. Hoje, os jovens são 46,6% do total de desempregados das regiões metropolitanas (Dieese – Estudos e Pesquisas nº 11, 2005).

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Campanha de solidariedade às bibliotecas do MST: Apoie a Reforma Agrária - Doe um livro.


Estimado amigo e amiga do MST,


Em mais de duas décadas de lutas, aprendemos que é preciso romper não apenas as cercas do latifúndio, mas também derrubar as cercas que impedem o acesso ao conhecimento. Com essa lição, erguemos nossas escolas itinerantes, construímos mais de 2 mil escolas de ensino fundamental, além de cursos de educação de jovens e adultos, ensino médio e técnico. Hoje podemos nos orgulhar dos 5 mil jovens que cursam graduação e pós-graduação em diversos convênios com universidades e dos mais de 17.500 adultos em processo de alfabetização, tanto quanto nos orgulhamos dos assentamentos que conquistamos.Historicamente, aprendemos também o valor da solidariedade – no sentido mais nobre – o de darmos aquilo que nos faltará e não aquilo que nos sobra. E sabemos que muitos dos méritos da luta pela Reforma Agrária provêm dessa solidariedade que recebemos de milhares de amigos e amigas como você. Assim foi, por exemplo, com a construção da Escola Nacional Florestan Fernandes, Guararema-SP, símbolo do encontro destes dois esforços, a solidariedade e o nosso desejo de aprender. E, novamente, queremos realizar o encontro destes dois princípios e valores, o estudo e a solidariedade. De agosto a dezembro de 2007, estaremos mobilizados em torno da CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE ÀS BIBLIOTECAS DO MST: APOIE A REFORMA AGRÁRIA – DOE LIVROS! Temos a honra de ter como patrono o professor Antonio Candido, um dos maiores e melhores intelectuais que o Brasil produziu nos últimos anos, cujas palavras resumem bem o espírito da nossa Campanha: “Não ter acesso ao livro é ser privado de um alimento fundamental”. Nossa finalidade é construir Bibliotecas Populares nas áreas de assentamentos e acampamentos, e, ampliar o acervo das mais de 40 bibliotecas já existentes em nossas escolas e centros de formação. Uma Campanha sem limites, seja de quantidade ou de áreas de conhecimento. As doações podem ser de livros, mapas, e audiovisuais, incluindo filmes, discos e Cds, material que será destinado às bibliotecas já existentes nos estados, e, também, para a criação de novas bibliotecas comunitárias nos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária. Através do contato com os responsáveis em cada estado, vamos receber as doações ou retirá-las onde for necessário. Abaixo, está a lista dos responsáveis pela campanha e como encontrá-los. Se você é de um estado onde a Campanha ainda não está acontecendo, você pode fazer sua doação entrando em contato através do correio eletrônico: campanhabiblioteca@enff.org.br, ou com a Secretaria do MST no seu estado.Queremos pão. Queremos rosas. Queremos acesso às diferentes culturas produzidas pela humanidade, tão imensa e tão contraditória. “Queremos uma vida verdadeira” como já dizia o poeta. Queremos muitas bibliotecas, sejam itinerantes ou fixas, em todas as nossas comunidades. Estamos certos de que este grande esforço coletivo levantará não só milhares de livros para nossos jovens, crianças, mulheres e homens do campo, mas possibilitará uma vida mais humana, mais plena e livre. E uma pátria mais justa e soberana! Contamos mais uma vez com seu apoio e solidariedade para mais uma missão nobre, que será o ato de buscar alimento à alma e à consciência, obtendo bons livros. Veja quem já declarou apoio a nossa CampanhaContatos da Campanha de Doação de Livros: www.mst.org.br, mstsp@mst.org.br ou pelo telelefone: 3361-3866 c/ Andrea Francine.

domingo, 19 de agosto de 2007

O Encontro de Zé Pelintra com Lampião


Um dia desses, passeando por Aruanda, escutei um conto muito interessante. Uma história sobre o encontro de Zé Pelintra com Lampião...

Dizem que tudo começou quando Zé Pelintra, malandro descolado na vida, tentou aproximar - se de Maria Bonita, pois a achava uma mulher muito atraente e forte, como ele gostava. Virgulino, ou melhor, Lampião, não gostou nada da história e veio tirar satisfação com o Zé:

_Então você é o tal do Zé Pelintra? Olha aqui cabra, devia te encher de bala, mas não adianta...Tamo tudo morto já! Mas escuta bem, se tu mexer com a Maria Bonita de novo, vou dá um jeito de te mandar pro inferno...

_Inferno? Hahahaha, eu entro e saiu de lá toda hora, num vai ser novidade nenhuma pra mim!_ respondeu o malandro _ Além do mais, eu nem sabia que a gracinha da "Maria" tinha um "esposo"! Então é por isso que ela vive a me esnobar!

_Gracinha? Olha aqui cabra safado, tu dobre a língua pra falar dela, se não tu vai conhecer quem é Lampião! _ disse Virgulino puxando a peixeira, já que não era e nunca seria, um homem de muita paciência.

_Que isso homem, tá me ameaçando? Você acha que aqui tem bobo?_ e Zé Pelintra estralou os dedos, surgindo toda uma falange de espíritos amigos do malandro, afinal ele conhecia a fama de Lampião e sabia que a parada era dura.

Mas Lampião que também tinha formado toda uma falange, ou bando, como ele gostava de chamar, assoviou como nos tempos de sertão e toda um "bando" de cangaceiros chegaram para participar da briga. A coisa parecia já não ter jeito, quando um espírito simples, com um chapéu na cabeça, uma camisa branca, cabelos enrolados, chegou dizendo:

_Oooooooxxxxxx! Mas o que que é isso aqui? Compadre Lampião põe essa peixeira na bainha! Oxente Zé, tu não mexeu com Maria Bonita de novo, foi? Mas eu num tinha te avisado, ooooxx, recolhe essa navalha, vamo conversar camaradas...

_Nada de conversa, esse cabra mexeu com a minha honra, agora vai ter! _ Disse Lampião enfurecido!

_To te esperando olho de vidro! _ respondeu Zé Pelintra.

Pera aí! Pela amizade que vocês dois tem por mim, “Severino da Bahia”, vamo baixar as armas e vamo conversar, agora!

Severino era um antigo babalorixá da Bahia, que conhecia os dois e tinha muita afeição por ambos. Os dois por consideração a ele, afinal a coisa que mais prezavam entre os homens era a amizade e lealdade, baixaram as armas. Então Severino disse:

_Olha aqui Zé, esse é o Virgulino Ferreira da Silva, o compadre Lampião, conhecido também como o “Rei do Cangaço”. Ele foi o líder de um movimento, quando encarnado, chamado Banditismo ou Cangaço, correndo todo o sertão nordestino com sua revolta e luta por melhores condições de vida, distribuição de terras, fim da fome e do coronelismo, etc. Mas sabe como é, cometeu muitos abusos, acabou no fim desvirtuando e gerando muita violência...

_É, isso é verdade. Com certeza a minha luta era justa, mas os meios pelo qual lutei não foram, nem de longe, os melhores. Tem gente que diz que Lampião era justiceiro, bem...Posso dizer que num fui tão justo assim_ disse Lampião assumindo um triste semblante.

_ Eu sei como é isso. Também fui um homem que lutou contra toda exploração e sofrimento que o pobre favelado sofria no Rio de Janeiro. Nasci no Sertão do Alagoas, mas os melhores e piores momentos da minha vida foram no Rio de Janeiro mesmo. Eu personificava a malandragem da época. Malandragem era um jeito esperto, “esguio”, “ligeiro”, de driblar os problemas da vida, a fome, a miséria, as tristezas, etc. Mas também cometi muitos excessos, fui por muitas vezes demais violento e, apesar de morrer e terem me transformado em herói, sei que não fui lá nem metade do que o povo diz_ dessa vez era Zé Pelintra quem perdia seu tradicional sorriso de canto de boca e dava vazão a sua angústia pessoal...

_Ooxx, tão vendo só, vocês tem muitas semelhanças, são heróis para o povo encarnado, mas, aqui, pesando os vossos atos, sabem que não foram tão bons assim

Todos têm senso de justiça e lealdade muito grande, mas acabaram por trilhar um caminho de dor e sangue que nunca levou e nunca levará a nada.
É verdade, bem, acho que você não é tão ruim quanto eu pensava Zé. Todo mundo pode baixar as armas, de hoje em diante nós cangaceiros vamo respeitar Zé Pelintra, afinal, lutou e morreu pelos mesmos ideias e com a mesma angústia no coração que nós!

_ O mesmo digo eu! Aonde Lampião precisar Zé Pelintra vai estar junto, pois eu posso ser malandro, mas não sou traíra e nem falso. Gostei de você, e quem é meu amigo eu acompanho até na morte.

_Oooooxxxxx! Hahahaha, mas até que enfim! Tamo começando a nos entender. Além do mais, é bom vocês dois estarem aqui, juntos com vossas falanges, porque eu queria conversar a respeito de uma coisa! Sabe o que é...

E Severino falou, falou e falou... Explicando que uma nova religião estava sendo fundada na Terra, por um tal de Caboclo das Sete Encruzilhadas, uma religião que ampararia todos os excluídos, os pobres, miseráveis e onde todo e qualquer espírito poderia se manifestar para a caridade. Explicou que o culto aos amados Pais e Mães Orixás que ele praticava quando estava encarnado iria se renovar, e eles estavam amparando e regendo todo o processo de formação da nova religião, a Umbanda...

_...é isso! Estamos precisando de pessoas com força de vontade, coragem, garra para trabalhar nas muitas linhas de Umbanda que serão formadas para prestar a caridade. E como eu fui convidado a participar, resolvi convidar vocês também! Que acham?

_Olha, eu já tenho uma experiência disso lá no culto a Jurema Sagrada, o Catimbó! Tô dentro, pode contar comigo! Eu, Zé Pelintra, vou estar presente nessa nova religião chamada Umbanda, afinal, se ela num tem preconceito em acolher um “negô” pobre, malandro e ignorante como eu, então nela e por ela eu vou trabalhar. E que os Orixás nos protejam!

_Bem, eu num sô homem de negar batalha não! Também vou tá junto de vocês, eu e todo o meu bando.

Na força de “Padinho” Cícero e de todos os Orixás, que eu nem conheço quem são, mas já gosto deles assim mesmo...

E o que era pra transformar - se em uma batalha sangrenta acabou virando uma reunião de amigos. Nascia ali uma linha de Umbanda, apadrinhada pelo baiano “Severino da Bahia”, pelo malandro mestre da Jurema “Zé Pelintra” e pelo temido cangaceiro “Lampião”.

Junto deles vinham diversas falange. Com o malandro Zé Pelintra vinham os outros malandros lendários do Rio de Janeiro com seus nomes simbólicos: “Zé Navalha”, “Sete Facadas”, “Zé da Madrugada”, “7 Navalhadas”, “Zé da Lapa”, “Nego da Lapa”, entre muitos e muitos outros.

Junto com Lampião vinha a força do cangaço nordestino: Corisco, Maria Bonita, Jacinto, Raimundo, Cabeleira, Zé do Sertão, Sinhô Pereira, Xumbinho, Sabino, etc.

Severino trazia toda uma linha de mestres baianos e baianas: Zé do Coco, Zé da Lua, Simão do Bonfim, João do Coqueiro, Maria das Graças, Maria das Candeias, Maria Conga, vixi num acaba mais...

Em homenagem ao irmão Severino, o intermediador que evitou a guerra entre Zé Pelintra e Lampião, a linha foi batizada como “Linha dos Baianos”, pois tanto Severino como seus principais amigos e colaboradores eram “Baianos”.

E uma grande festa começou ao som do tambor, do pandeiro e da viola, pois nascia ali a linha mais alegre, mais divertida e "humana" da Umbanda. Uma linha que iria acolher a qualquer um que quisesse lutar contra os abusos, contra a pobreza, a injustiça, as diferenças sociais, uma linha que teria na amizade e no companheirismo sua marca registrada. Uma linha de guerreiros, que um dia excederam - se na força, mas que hoje lutavam com as mesmas armas, agora guiados pela bandeira branca de Oxalá.

E, de repente, no meio da festa, raios, trovões e uma enorme tempestade começaram a cair. Era Iansã que abençoava todo aquele povo sofrido e batalhador, igualzinho ao povo brasileiro.

A Deusa dos raios e dos ventos acolhia em seus braços todas aqueles espíritos, guerreiros como ela, que lutavam por mais igualdade e amor no nosso dia - dia.

E assim acaba a história que eu ouvi, diretamente de um preto – velho, um dia desses em Aruanda. Dizem que Zé Pelintra continua tendo uma queda por “Maria Bonita”, mas deixou isso de lado devido ao respeito que tem pelo irmão Lampião. Falam, ainda, que no momento ele "namora" uma Pombagira, que conheceu quando começou a trabalhar dentro das linhas de Umbanda. Por isso é que ele "baixa", às vezes, disfarçado de Exu...

"Oxente eu sou baiano, oxente baiano eu sou
Oxente eu sou baiano, baiano trabalhador
Venho junto de Corisco, Maria Bonita e Lampião
Trabalhar com Zé Pelintra
Pra ajudar os meus irmãos...!"

Comunidade Lampião Rei do Cangaço

POR: Diego caldeirom

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

LITERATURA É POSSÍVEL


Ontem, 16 de agosto, foi realizado mais uma oficina de Literatura na escola com a poeta Dinha, como parte do Projeto Literatura (é) Possível.

O projeto que está sendo desenvolvido desde Maio deste ano já havia contado com a participação de dois outros escritores: Marcelino Freire e Sacolinha, e agora recebeu a visita da poeta Dinha, que trabalha como Educadora Social e publicou o livro "De passagem mas não a passeio" de maneira independente e que será reeditado pela Global Editora.

Trinta alunos do Ensino Fundamental II participaram das atividades, que contou com bate papo, balões com poemas e sorteio de dois livros. Um terceiro será doado à biblioteca para empréstimo dos alunos.

O projeto ainda receberá mais três escritores até o final do ano: Alessandro Buzo, Allan da Rosa e o poeta Sérgio Vaz.

Mais informações sobre o projeto, fotos, entre outros você poderá conferir na edição número 02 do jornal Fique de Olho: http://www.fiquedeolho-jornalmesquita.blogspot.com/


Faltam poucos dias...

FONTE: efeito-colateral.blosgspot.com

ABAIXO OS ASSASSINOS OFICIAIS!


Borba Gato, desbravador do Brasil.
Assassino de indígenas.
Bota ele na lista branca...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Lançamento


Trocando Umas Idéias
E
Rimando Outras


O Nosso amigo de correria Walter Limonada, lançou nesta terça-feira 14/08/07 o seu primeiro Lemon-Livro, na Ação Educa0tiva (Centro-SP).

A festa de lançamento contou com varias manos e minas firmezas, passaram por la: - Tereza(Estudante Mexicana fazendo trabalho sobre literatura no Brasil), Alessandro Buzo, Jé e Boné(Poder da Mente), HBT e Nilo(Posse Enigma), Carlinhos da Banca de Boné, Robson Canto, Nino Brown, Marilda Borges, Sivio Diogo, Negro Léo e Mano Cower(Família RU 10) e Vários outros, alem do Grupo Pânico Brutal e Subamundo Racional que se apresentaram.

O Livro do Limonada é mas uma conquista da periferia, pois trata de assuntos relacionados ao dia a dia de um Militante, que alem de fanzines, Blogger e Sites, ainda arruma fôlego para ser um rapper.

Acho este livro, Trocando Umas Idéias e rimando Outras Muito importante para o movimento hip-hop e para a literatura periférica.
Este com certeza é um livro bem apropriado para quem esta começando agora no movimento. Pois Fala do sufoco de um Rapper residente em S.B.C Grande ABC.

Fala sobre os venenos, as glorias e tudo mas que um mano que se dispõe a não entrar para as estatísticas tem que enfrentar.
Também fala sobre suas composições e sempre manda uma idéia consciente.

Este é um bom Livro para debate.

Confira!!!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Você conhece este lugar?







Estas fotos são do terreno que fica na Avenida dos Ourives e é chamado, carinhosamente de "Limpão".



Pra quem inda não conhece... é um bom lugar pra fazer piquenique sem pagar a entrada!

O sarau deu caldo

Muitas crianças, adultos, o parquinho em volta à toda e o caldo de feijão!
Delícia de poesia com caldo.
Aguardem as fotos e os vídeos.
Mês que vem (2o sábado, 19hs) tem mais!!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Posse Enraizados SP




Oficina de MC’S

Ontem 26/08/07 por volta das 17:30hs as crianças já chegavam para oficina, no Espaço Cultural Maloca.

• Começando limpando a sala .


• Cada criança separou um livro ou revista para levar casa, para ler durante a semana livro este da Biblioteca Comunitária Livro-Pra-Que-Te-Quero. (os empréstimos são grátis)



Treinamos a peça de Teatro
Treinamos Melo da Chick Show
Energia do Doctor MCs

E assuntos referente ao hip-hop e seus elementos, e a sua historia

Conversarmos sobre os acontecimentos do mundo pois estamos incentivando as crianças a lerem fatos reais e assistirem ao noticiário.


Treinamos entrada do vocal em cima de caixas e bumbos.
Varias vezes até todos acertarem.

NOS APRESENTAMOS NA QUERMESSE DO FAVELA
Letras a Poluição digo não, Melo da chick show, e a peça DURMA COM OS ANJOS.

sábado, 11 de agosto de 2007

Literatura e conflitos sociais

O Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da Universidade de SãoPaulo convida para o evento "Literatura e conflitos sociais"

- Relações raciais na literatura brasileira contemporânea
Conferencista: Profa. Dra. REGINA DALCASTAGNÈ
Universidade de Brasília
- Berlim Alexanderplatz como romance de transformação
Conferencista: Prof. Dr. ELCIO LOUREIRO CORNELSEN
Universidade Federal de Minas Gerais


Data: 16 de agosto de 2007 - quinta-feira
Horário: das 9 às 12 horas
Local: Sala 2 6 6 - Prédio de Letras/FFLCH
Cidade Universitária

Entrevista co Gas-Pa R.J

Já não lembro quando conheci o Gas-PA, mas sei que já esbarrei com ele em algumas manifestações que cobri. A última foi em frente à Prefeitura do Rio, ocasião em que ele e seu parceiro Mimil cantaram algumas músicas do primeiro CD do grupo O Levante, intitulado "Temeremos mais a miséria do que a morte", e que dificilmente serão ouvidas nas rádios comerciais.

O que é compreensível. Afinal, esses dois músicos não abrem mão de dizer o que pensam; sentimentos traduzidos em letras de hip hop, veiculadas pelo Coletivo LUTARMADA.

E, como você vai ler na entrevista que segue, eles possuem um grande conhecimento da História do Brasil e uma visão clara a respeito da situação em que o país se encontra. Lembram, por exemplo, que o brasão da Polícia Militar do RJ ainda possui os desenhos de um pé de cana-de-açúcar e um ramo de café, os pilares da economia escravista.

Recordam também o papel da Globo durante a ditadura e afirmam categoricamente que o problema do Brasil não é a pobreza, mas a riqueza concentrada na mão de poucos. Somando isso à forte influência de Bertolt Brecht e Carlos Lamarca, fica evidente que não convém às corporações de mídia divulgar Gas-PA e Mimil.

Entrevista concedida a Marcelo Salles.

Você começa o disco citando uma poesia de Bertolt Brecht. Por quê?
Gas-PA: Foi amor à primeira audição.
Me emocionei muito, porque é assim que me sinto, temendo mais a morte lenta e passiva do que a morte imediata e libertadora.

Na sua opinião, qual a importância da leitura na formação de um país?
Mimil: A leitura é muito importante, pois é com a leitura que se aprende a maioria das coisas e também aprende a ter uma visão mais crítica do que se passa ao seu redor.

Gas-PA: Uma ínfima oligarquia controla os meios de comunicação de massa no país. Nesses meios, ela só veicula o que é do seu interesse. Quem se contrapõe a isso não vai ter espaço nesses grandes veículos. Então, qual a forma de se propagar essas idéias, esse contraponto? A escrita é uma das principais formas. Assim sendo, quem não lê, mas ouve rádio e assiste à TV, só tem acesso a uma visão de mundo, e vai enxergá-lo com os olhos dessa oligarquia. Vai viver como trabalhador e pensar como burguês.

Em todas as músicas fica evidente que você e seu parceiro estudaram bastante a história recente do Brasil. O que foi a ditadura de 64, na sua opinião, e como ela se faz presente nos dias de hoje?
Gas-PA: Foi a forma mais violenta de dominação, desde a escravidão. E hoje ainda sentimos os seus reflexos na truculência da polícia, na tortura substituindo a investigação, na transmissão da Rede Globo de Televisão, na constante ameaça à vida trazida pela Aracruz e, entre outros sintomas, na censura. Algumas pessoas comemoram o fim da censura, mas algumas dessas grandes rádios comerciais ganharam músicas minhas. Liga pra lá e pede pra eles tocarem e fica esperando... Na ditadura, os artistas como Chico Buarque e Gonzaguinha tinham que disfarçar suas músicas pra passar pela censura. Hoje é a censura que se disfarça pra barrar artistas como Gas-PA e Mimil.

Em uma das faixas você cita o capitão Carlos Lamarca, que aderiu à luta armada contra a ditadura. Recentemente, a Comissão de Anistia o promoveu e concedeu à sua família uma pensão. Qual a sua opinião sobre essa medida?
Gas-PA: Em uma, não. Pelo menos quatro. Pode ser que mais tarde eu pense diferente, mas agora acho que isso foi muito bom para seus familiares, e só. Já entrei em sítios na internet que dizem que esse é o país onde os terroristas, ao invés de irem para a cadeia, ganham ministério (referência a José Genoíno, José Dirceu, Dilma Rouseff).
Quem pensa assim, hoje está dizendo que esse é o país onde parentes de marginais são indenizados. Pra mim, mais vale o que fazem alguns movimentos sociais.
Relembrar nossos heróis negligenciados pela história oficial, dando seus nomes a escolas, centros culturais, ocupações urbanas e rurais, por exemplo, é muito mais eficaz no sentido de fazer o nosso povo ter conhecimento da importância dessas personagens e, a partir daí, avaliar suas atitudes e comportamentos no sentido da transformação.

No Rio de Janeiro, como de resto no país, houve o surgimento de várias ONGs que lidam com as questões ligadas às favelas. Como você essa questão?
Gas-PA: Pra mim, grande parte delas só administra a miséria, a carência.

Mimil: Pra mim essas ONGs estão mais preocupadas em fazer o papel do Estado nas comunidades carente do que mostrar para elas que ela tem que cobrar do Estado o que ele deve fazer pelas comunidades.

Em recente entrevista à Revista O Globo, André Skaff, filho do presidente da Fiesp, disse que algumas ONGs são importantíssimas porque aliviam a pressão dentro de favelas e presídios. O que você acha disso?
Gas-PA: Concordo com ele. Só recapitulando: durante a ditadura no Brasil, na Europa existiam governos de tendências socialistas. Esses governos financiavam algumas iniciativas brasileiras de organização popular, também de caráter libertador.
Como sabemos, rolô uma "queda de dominó" por lá, que não deixou de pé nenhum governo de esquerda.
Os seus sucessores até aceitaram continuar financiando esses grupos, porém, sem esse papo de organizar o povo. Se quisessem continuar ganhando dindim da Europa tinha que trocar o caráter políticos dos trabalhos pelo assistencialismo.

Porra! Quem financia esses programas? A Globo? O Consulado dos EUA? A Vale do Rio Doce? Quem recebe essa grana vai contar pros assistidos pelos projetos que a Globo foi fundada fraudulentamente, e que ela apoiou o despotismo civil-militar de 64-85? Vai dizer que todo o que ela fala sobre movimentos sociais é mentira, ou está incompleto e tendencioso? Vai chamar o povo pra refletir e protestar contra a tirania estadunidense empregada no mundo? Vai explicar que a Vale do Rio Doce era patrimônio do povo brasileiro (com ressalvas, eu sei) até 1997 e que foi doada a troco de um valor simbólico, recuperado em poucos meses de operação? Vai chamar essa gente pra participar da campanha pela anulação da privatização da mesma?

Vi, numa entrevista do MV Bill, ele dizer que é "impossível acabar com a pobreza sem o auxílio da riqueza" (!), alguma coisa assim. Quando perguntam se o LUTARMADA é ONG, eu respondo assim: o papel das ONGs é, ao invés de dar o peixe, ensinar a pescar. O papel do LUTARMADA é dizer pro pescador que o rio onde ele joga o anzol e não consegue pegar peixe nenhum foi poluído pela empresa que patrocinou o curso de pescaria. E que ele não sabia disso porque a ONG onde ele aprendeu a pescar silenciou, porque o compromisso dela é com o financiamento e não com a comunidade.

O que é violência policial? Como e onde ela acontece? Por quê?
Gas-PA: A PM do Rio foi fundada em uma época em que se multiplicavam as revoltas escravas.
As fazendas estavam pegando fogo, assim como as plantações. Os fazendeiros estavam morrendo assassinados. O exemplo do Haiti [primeiro país do mundo a se libertar da escravidão através de uma revolta de escravos negros] assombrava os senhores de engenho. O brasão da Polícia Militar tem desenhado um pé de cana e um ramo de café, base da economia escravista.

Todos os telejornais repetiram, na ocasião da implosão do Complexo Penitenciário da Frei Caneca, que o primeiro preso de lá foi um escravo que matou seu dono. A capa da revista época (29 de junho de 2007) trás uma foto que retrata parte do que foi a operação da polícia no Complexo do Alemão, aqui no Rio: corpos de homens pretos espalhados pelo chão. O que eram os quilombos no Brasil escravista? Quais as diferenças deles pras favelas de hoje? Vira e mexe os jornais mostram apreensão de ecstase, feita pela polícia do Rio, na luxuosa Zona Sul. Tudo sem disparar um único tiro e sem toda aquela ostentação comum em operações em favelas. No governo estadual passado, que também era do PMDB, o secretário de Segurança - que por sua vez também era o ´1º Marido´ - vivia dizendo que não admitia manter o Beira-Mar no Estado porque o tráfico é um crime federal.

Então, o que justifica a presença da polícia estadual nas favelas? Onde eu moro tem venda de drogas. Porém, só tem tiros e mortes quando a polícia aparece. Quem quebra o sossego é ela. Hélio Luz, quando era chefe de Polícia, deu o papo: "Temos uma polícia política. Nossa polícia é de repressão". Em 2003, a polícia fluminense matou 1194 pessoas - quase 100 por mês. Quantas delas eram ricas, ou de classe média? Nossa polícia tem um batalhão, o BOPE, e uns carros blindados que só atuam em favelas. E o pior é que esses carros não têm espaço para levar ninguém preso, mas tem orifícios por onde saem "bicos".

Se um carro da polícia sai para uma operação cheio de homem armado, já sabendo que não é pra prender ninguém, então pra que serve esse carro? Essa é a máquina anti-preto, que, de rebarba, ainda pega os brancos que "resolveram se misturar".

No CD você fala em "Bonde da Revolução". Você acredita que só uma revolução resolveria os problemas do país? Essa revolução seria armada?
Gas-PA: Eu não acredito que vamos acabar com a pobreza pedindo ajuda aos ricos. Aliás, o problema do Brasil não é a pobreza. É a riqueza nas mãos de um pouquinho só de gente. E esse grupelho não vai largar o osso na base da conversa.
Então, que cada rebelde se arme com, como digo na música, as armas que sabe usar.

REDE
Nucleo cultural Poder e revolução
Suburbano Convicto
São Paulo (SP)
Posse Nova República - João Pessoa (PB)
Posse Lelo Melodia - Natal (RN)
Posse Enraizados SP - São Paulo (SP)
Núcleo de Hip Hop Mocambo - Rio Branco (AC)
Movimento Hp Hop do Meio Mundo - Macapá (AP)
Maloca Hip Hop - Cuiabá (MT)
Kebra Nagast - Salvador (BH)
Instituto de Pesquisa e Ação Comunitária - IPAC - Braslândia (DF)
Galera de Cristo - Juiz de Fora (MG)
Comunidade Hip Hop do Tocantins - Palmas (TO)
Cia Encena - Nova Iguaçu (RJ)
Cia de Dança Jorge Brown - Coruripe (AL)
Associação Cultural de Hip Hop de Laguna - Florianópolis (SC)

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

notícias podres nº 1

O barato fico locô

Sabemos que a periferia conta com escacissimos locais de lazer e cultura, e no Jardim São Savério e Parque Bristol não é diferente. Porém, toda sexta-feira, acontece o já famigerado "funk do bolinha", lugar que reune inúmeros jovens para dançar, paquerar, trocar uma idéia...- enfim, o baile funk se tornou o lugar de socialização dos jovens do respectivos bairros. Mas, nesse último final-de-semana(sábado de madrugada), acordei ao som de tiros, correria, gritaria e explosões, segundo relato de amigos, "a polícia chegou apavorando o lugar", ou seja, promoveu a desforra de abusos e arbitrariedades com os que estavam presentes no baile. Dizem que o que provocou o comportamento policial foi o revide ao lançamento de uma pedra em umas das viaturas que circulava pelo local, no entanto, tal fato é contestado por outras pessoas que ali estavam, alegando que os policiais agiram gratuitamente, sem qualquer motivação aparente. Tal fato, veio a se somar a outras investidas da polícia local contra os jovens que frequentam o baile funk. Sendo frequentador da barraca do Ted e da Dona Dita, onde costumo tomar umas brejas com os amigos, já presenciei algumas dessas ações. Pude verificar que toda vez que passa uma viatura, os policiais utilizam spray de pimenta para dispersar e abrir caminho entre os jovens que se concentram na rua. Em uma outra ocasião(não estava presente), os policiais se posicionaram em um lugar estratégico e começaram a arremessar bolinhas de gude(com estilingue) nos jovens que estavam no baile.
Diante dos fatos relatados até aqui, nos faz crer, que a força policial local, vem comentendo excessos no uso da força e da autoridade, desse modo, colocando todos os jovens que frequentam o 'funk do bolinha" numa lista comum de possíveis suspeitos, e infelizmente, criando generalizações sem critério e reforçando esteríotipos, do tipo: "mora na periferia? então é suspeito". Ao invés da presença policial ser preventiva e a abordagem normal, rotineira e com o intuito de assegurar a integrinidade dos que frequentam o baile, acaba se tornando uma experiência traumática e cheia de constrangimentos. A ação policial deve ter como base o respeito a integrinidade física e moral dos cidadãos, inclui-se aí, a dos jovens, moradores dos bairros da periferia.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

OFICINA DE TEATRO-POESIA



PROJETO
CALA A BOCA JÁ MORREU

Oficina de teatro-poesia destinada a crianças e adolescentes de 6 a 12anos

Oficina que visa contribuir e promover em crianças e adolescentes o gosto pela leitura, pela poesia e pela prática do teatro, além de propiciar a construção de uma justa imagem de si.


Inscrições: 12 de Agosto de 2007
Horário: das 17:00 às 18:00

Local: Maloca Espaço Cultural
Endereço: Rua Particular,556
Vila Caraguatá (Parque Bristol)

Gratuita

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Polícia de SP matou um por dia no 1º semestre

Da "Folha de São Paulo", 04 de agosto de 2007


Foram 201 mortes até junho; 178 pessoas foram mortas pela PM e 23 pela Polícia Civil No mesmo período, 15 policiais foram assassinados no Estado, proporção equivalente a um agente por grupo de 13 civis

GILMAR PENTEADOANDRÉ CARAMANTEDA REPORTAGEM LOCAL

Nos primeiros seis meses do governo de José Serra (PSDB), a polícia paulista matou 201 pessoas, 1,11 por dia. Apesar de menores do que em 2006, quando houve reação policial à onda de violência promovida pelo PCC, os números são superiores a 2005 e revelam, segundo entidades, que a letalidade policial continua alta.Também entre janeiro e junho deste ano, 15 policiais foram mortos, um agente por grupo de 13 civis. "Os números preocupam porque parece que a reação de 2006 continuou tendo reflexo no comportamento letal dos agentes neste ano", afirmou o ouvidor da polícia, Antonio Funari.Segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública do primeiro semestre de 2007, 178 pessoas foram mortas pela Polícia Militar e 23 pela Polícia Civil. Os policiais envolvidos estavam de serviço ou de folga.Em 2006, ano atípico nas estatísticas -em maio, houve a reação policial aos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital)-, 341 civis foram mortos pela polícia no primeiro semestre, a maioria em supostos confrontos. Os números de mortos pela polícia em 2007, porém, são superiores a 2005. Naquele ano, 178 pessoas foram mortas pelas polícias Militar e Civil."O problema é que, mesmo descartando 2006, não houve diminuição da letalidade policial nos últimos anos", afirmou Funari. Segundo ele, as estatísticas confirmam uma tendência já verificada pela Ouvidoria.No primeiro trimestre de 2007, o número de denúncias de homicídios envolvendo policias encaminhadas à Ouvidoria quase dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior -foram 91 contra 55 em 2006. O homicídio subiu de quinto para terceiro lugar no ranking das denúncias em 2007."A impunidade depois da reação da polícia aos atentados do PCC explica essa letalidade policial alta. Isso serve como carta branca para a polícia continuar matando", afirmou Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Condepe (Conselho Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).Das 341 mortes no primeiro semestre de 2006, 92 ocorreram em maio e foram consideradas pelo governo à época como de integrantes do PCC e que teriam sido mortos quando cometiam ataques. Neste ano, o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, afirmou que ainda não há comprovação de que os 92 mortos agiam em nome do PCC. Em dezembro, quatro PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e um empresário viraram réus em um processo pelo seqüestro e morte de dois homens que estão na lista dos 92 suspeitos.

Sarau do Maloca



SARAU d
o CALDO


Caros Amig@s,

Todo segundo sábado do mês tem Sarau no Maloca
Se você escreve, curte poesia e literatura. Venha saborear as palavras! Calor poético e dom da palavra, são esses os ingredientes para quem quiser degustar o banquete que será servido no Sarau.

poesia música arte

Participem!

Segundo sábado do mês, às 19:00hs.
Maloca Espaço Cultural
Rua Particular,556
Vila Caraguatá (Parque Bristol)


Todo Sarau será servido um caldinho para o acompanhamento literário

sábado, 4 de agosto de 2007

Patativa do Assaré


Poeta (Jonathas Falcão)

Saudação ao Juazeiro do Norte - Patativa do Assaré

Mesmo sem eu ter estudo
sem ter do colégio o bafejo,
Juazeiro, eu te saúdo
com o meu verso sertanejo
Cidade de grande sorte,
de Juazeiro do Norte
tens a denominação,
mas teu nome verdadeiro
será sempre Juazeiro
do Padre Cícero Romão.

O Padre Cícero Romão
que, vocação celeste
foi, com direito e razão
o Apóstolo do Nordeste.
Foi ele o teu protetor
trabalhou com grande amor,
lutando sempre de pé
quando vigário daqui,
ele semeou em ti
a sementeira da fé.

E com milagre estupendo
a sementeira nasceu,
foi crescendo, foi crescendo
Muito ao longe se estendeu
com a virtude regada
foi mais tarde transformada
em árvore frondosa e rica.
E com luz medianeira
inda hoje a sementeira
cresce, flora e frutifica.

Juazeiro, Juazeiro
jamais a adversidade
extinguirá o luzeiro
da tua comunidade.
morreu o teu protetor,
porém a crença e o amor
vive em cada coração
e é com razão que me expresso
tu deves o teu progresso
ao Padre Cícero Romão

Aquele ministro amado
que tanto favor nos fez,
conselheiro consagrado
e o doutor do camponês.
contradizer não podemos
E jamais descobriremos
O prodígio que ele tinha:
Segundo a popular crença,
curava qualquer doença,
com malva branca e jarrinha.

Juazeiro, Juazeiro
tua vida e tua história
para o teu povo romeiro
merece um padrão de glória.
De alegria tu palpitas,
ao receber as visitas
de longe, de muito além,
Grande glória tu viveste!
Do nosso caro Nordeste
tu és a Jerusalém.

Sempre me lembro e relembro,
não hei de me deslembrar:
O dia 2 de Novembro,
tua festa espetacular
pois vem de muitos Estados
os carros superlotados
conduzindo os passageiros
e jamais será feliz
aquele que contradiz
a devoção dos romeiros.

(Poeta João)

No lugar onde se achar
um fervoroso romeiro,
ai daquele que falar,
contra ou mal, do Juazeiro.
Pois entre os devotos crentes,
velhos, moços e inocentes,
a piedade é comum,
porque o santo reverendo
se encontra ainda vivendo
no peito de cada um.

Tu, Juazeiro, és o abrigo
da devoção e da piedade.
Eu te louvo e te bendigo
por tua felicidade

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

veja toda programação do mês de Agosto

PARTICIPE DA SELEÇÃO DE TEXTOS PARA A REVISTA GRAP



A REVISTA GRAP (Grafismo e Poesia) está selecionando poemas de artistas talentosos e sem grande espaço no mercado editorial.
Nesta 1a edição a Revista traz na capa uma homenagem ao Poeta Luís Gama.
Será apresentado 01 trabalho para cada um dos 12 artistas selecionados.
Os textos deverão ser enviados para o seguinte endereço eletrônico: grap@unikamedia.com até dia 06/08/2007

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Maloca e suas estórias...

Notícia Veiculada na Folha Online

mobilização
01/07/2005
Comunidade “Fundão do Ipiranga” inaugura Biblioteca Comunitária

Carolina Lopes

“ Estávamos vendo muita gente próxima morrendo, não podíamos ficar parados”. Com esse raciocínio Lindalva Feitosa e outros onze moradores do Parque Bristol, Jardim São Savério e Vila Livieiro, mais conhecido como “Fundão do Ipiranga”, fundou o Núcleo Cultural Poder e Revolução. A princípio o objetivo do grupo era baixar a violência local. Começaram então a realizar campanhas e oficinas temáticas. Entre essas atividades será inaugurada sábado, dia 02 de julho, a Biblioteca Comunitária Livro-Para-Quê-Te-Quero.

Com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano conseguiram um local em comodato para a instalação da biblioteca, batizada carinhosamente de Maloca Espaço Cultural. Com o apoio do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, ONG que já colaborou para implementação de biblioteca na Cidade Tiradentes, conseguiram a maior parte dos livros. Questão racial, gênero, juventude, meio-ambiente, direitos humanos, literatura infanto-juvenil e enciclopédias, foram os temas trazidos. Outra parte do acervo veio do show Hip-Hop Zumbi, promovido pelo próprio núcleo, quando a comunidade foi instigada a doar alimentos ou livros. Lindalva calcula um número de aproximadamente 2 mil títulos arrecadados para a biblioteca no total.

Quem ganha são os 70 mil moradores do bairro, em especial a população infanto-juvenil, que terá menos motivos para se envolver com a criminalidade e mais razões para desenvolver iniciativas positivas para a própria comunidade. “A gente já tem sentido a baixa da violência”, diz Lindalva, que lamenta a falta de recursos do núcleo para levantar índices mais precisos a respeito da criminalidade local.

Na inauguração haverá ainda mediação de leitura e apresentação de documentário sobre o Haiti. A biblioteca passará a funcionar todos os dias das 9H às 17H, sendo sempre gerida e cuidada pelos próprios moradores, que, para usufruir o acervo, pagará uma taxa de um real mensal. “Quando puder pagar também, né?”, ri Lindalva.

Grupo Núcleo Cultural Poder e Revolução
Fundado em 1999 o grupo é constituído por doze agentes de direitos humanos formados pelo IBEAC e pela Secretária Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça. Atua em duas frentes principais: organizando oficinas sócio-culturais, que variam conforme as parcerias do grupo com temáticas que orbitam sempre em torno dos direitos humanos, raça e gênero.

Segundo Lindalva, o grupo é gerido financeiramente e administrativamente pelos próprios participantes e não tem pretensão de se tornar uma ONG. Tem conseguido atuar em diversas frentes porque trabalha em parceria com movimentos como a União dos Movimentos de Moradia, a ONG Ação Educativa, o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, o grupo Cultura da Periferia e Enraizados.

Campanhas e atividades desenvolvidas pelo Núcleo que estão contribuindo para a melhoria da comunidade

Campanha PreserveoAtivo: tesão é prevenir
Contra gravidez indesejada, preservação de DST's, AIDS e violência sexual.

Show Hip-Hop Zumbi
Arrecadação de livros e alimentos

Semana Sexualidade
Discussões sobre a temática

Semana Favela Consciente
Discussões sobre exclusão social

Campanha córrego limpo
Campanha de conscientização os moradores das margens do Córrego São Francisco para não jogarem lixo no rio

Multirão Jardim Celeste
Construção de quadra poliesportiva

Serviço:Biblioteca Comunitária Livro-Para-Quê-Te-Quero.
Local: R. Particular, 556 Vila Caraguatá
Horário: 13H – 17H
Próximo aos pontos finais dos ônibus Parque Bristol/República 4734 e/ou Vila Livieiro/Pq. Dom Pedro 4792

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Entrevista comigo


Retirada do Blog do Rodrigo (Efeito Colateral). Link na barra de ferramentas




caríssimos e caríssimas, maloqueiros e maloqueiras, leitores e leitoras deste blog, temos o privilégio de apresentar para vocês uma entrevista exclusiva com uma das maiores poetas da nova geração de escritores - vale dizer não apenas da literatura periférica -, a Dinha.a entrevista foi retirada da matéria publicada no JT sobre a Coleção Literatura Periférica, da Editora Global, na qual já foi lançado o livro do Sérgio Vaz (Colecionador de Pedras) e será publicado ainda outros autores: Sacolinha, Alessandro Buzo, Allan da Rosa e, por fim, a Dinha. como na entrevista não foi aproveitado muito bem todas as perguntas, publicamos-a na integra, aqui neste modesto espaço.






1- Na sua opinião, qual a importância desta coleção da editora Global para a literatura brasileira?



A coleção apresenta um universo que, apesar de não ser estreante no cenário da literatura, é apresentado de forma sistemática, representativa, na medida do possível, de diversos gêneros literários produzidos nas periferias.Mas mais importante é que os leitores e leitoras terão a possibilidade de nos conhecer, rsrsrsr. Lógico. Porque o que vai nos conferir importância não é a coleção em si, mas a nossa sobrevivência, o fato de as pessoas nos lerem, ou não, depois que ser preto/a e pobre deixar de ser moda. A coleção possibilitará o acesso das pessoas aos textos produzidos pelas periferias.






2- E qual a importância desta coleção para as periferias brasileiras?



Depende. Se as pessoas tiverem acesso, poderá ser tão importante quanto o Hip Hop. As pessoas gostam de se verem representadas, de preferência, sem estereótipos, de forma realista ou não, mas respeitosa sempre. (Porque somos nós que estamos produzindo e eu, pelo menos, costumo me respeitar. Sei – porque sinto na pele – que somos a mesma pessoa: eu, minha família, meus vizinhos. Se um morre ou passa fome ou outro aperreio. Também sou eu quem estou morrendo, passando fome e todo o resto.)






3- Qual a importância desta coleção para vocês, escritores marginais?



A principal é a oportunidade de ser lido por outros públicos – periféricos ou não.Escrevo pra todo mundo. Faço questão de que todo mundo leia. Fico feliz quando uma moradora de rua (mais marginal que eu) lê e gosta dos meus poemas. Mas também fico satisfeita quando pessoas de outras classes e culturas lêem e gostam.






4- Prefere o termo literatura periférica ou literatura marginal? Existe diferença entre eles?



As palavras têm muito peso. Elas criam. Por isso discutimos as nomenclaturas. Mas, a princípio, é apenas uma questão de nome. Os ditos "marginais" e os ditos "periféricos" são hoje as mesmas pessoas. A diferença fundamental, pra mim, é que "marginal" até Caetano foi (uma amiga me lembrou isto uma vez). Periféricos ou, "de periferia", tem a ver com um contexto atual, difícil de confundir, por isso prefiro este último.






5- Considera que o adjetivo, tanto periférica como marginal, é usado de forma pejorativa, de modo a excluir vocês do time "oficial" de escritores?



A periferia é um mundo inteiro e tudo o que tem a ver com pobreza costuma ser tratado de forma pejorativa. Eu não me esforço pra parecer pobre. Sou pobre. Não tenho intenções de parecer e nem de ficar mais rica. Não admiro a outra classe. Se eu entrar pro tal time e não for lida pela minha mãe, filha, esposo, amigos, etc, de nada me serve a oficialidade.Digo isso porque cultura oficial, geralmente quer dizer cultura de elite, de quem tem poder aquisitivo. Essas pessoas, ou nos tratam como folclore, ou tendem a diminuir nossa produção cultural. Diante disso, a reação natural é reforçar que somos o que somos. Depois que estivermos bem firmes, deixaremos de desperdiçar energia com quem não vale o esforço e nos dedicaremos completamente à gente da gente.






6- A periferia lê a literatura feita na periferia?



Além dos livros publicados de forma independente, à revelia das grandes editoras e dos raros incentivos governamentais, existe ainda nas periferias diversos movimentos de acesso à leitura e formação de leitores e leitoras: são bibliotecas comunitárias, produção e circulação de fanzines, jornais de bairro, saraus literários e projetos independentes de oficinas literárias que possibilitam acesso à leitura sem que a gente deixe de comprar arroz e feijão.Significa dizer que a parte leitora da periferia, também lê seus próprios autores.






7- Os moradores da periferia terão acesso à coleção da Global?



Lógico. Se não, pra quê publicar? Se não, pra quê servem as bibliotecas, saraus e tudo o mais que respondi na pergunta anterior?






8- O que significa uma grande editora lançar uma coleção de literatura marginal?



Significa que estamos sendo valorizados como autores/as, independentemente dos rótulos que se coloque. Mas significa também que estamos virando mercadoria vendável e que, portanto, corremos sério risco de virar escritores e escritoras rotineiras, de transformar nosso cotidiano, nosso mundo (com suas maravilhas e misérias) em material de consumo para outras classes – aquelas que não têm coragem de entrar numa favela, mas se delicia com esse contato "seguro".Significa que a luz amarela do farol está acesa.






9 - Você considera que tudo que vem da periferia ,ou é feito para e sobre a periferia, é positivo?



Nem o que vem da periferia e nem o que é alheio a ela são simplesmente positivos ou negativos. O Movimento Hip Hop, por exemplo, vem narrando, oralmente, através do Rap, várias nuances da perifeira. Isso é bastante positivo pra mim que nunca havia lido/visto/ouvido minha história, da minha família e dos meus vizinhos, a não ser a partir de olhares de fora, estrangeiros. Entretanto, o Movimento é mesmo machista e sexista , assim como a grande maioria das pessoas da nossa sociedade também o são. Isso não tira sua importância.






10 - Quais são os planos futuros?



Estudar. De preferência não trabalhar fora. Só para minha casa, família e comunidade. Cuidar das minhas filhas (a que é grande e a que está por nascer). Produzir e distribuir muitos fanzines (de graça, que é a melhor parte), participar de muitos saraus. Escrever muito. Até ano que vem, publicar o outro livro - "Morrer, só se morre uma vez?" – para o qual estou juntando munição.






11- Qual a maior contribuição dos saraus da Cooperifa ?



Reunir, compartilhar, multiplicar e produzir talentos entre nós, por nós.






12 - Como se tornou escritora?



Lia até pedaços de jornal velho – porque não tinha livros em casa. Depois comecei a escrever um diário, com uns 12 anos, mais ou menos. Como eu não tinha chave, percebi que as palavras poderiam dizer sem dizer. Comecei a usar metáforas como chave de palavras. Daí pra escrever poesia foi questão de tempo e muito segredo escrito. Depois senti vontade de mostrar. As pessoas gostaram e eu passei a produzir fanzines literários, com meus próprios textos. Faço isso até hoje. Me tornei escritora quando as pessoas passaram a ler meus trabalhos, multiplicar e pedir mais.






13 - Quais os autores te influenciam ou influenciaram ?



Li bastante Drummond, João Cabral de Melo Neto, Murilo Mendes, Fernando Pessoa e Manuel Bandeira. Agora leio Cadernos Negros e autores de Angola e Moçambique ( que são coisas que eu estudo). Leio muito também os autores periféricos, ou que freqüentam o sarau da Cooperifa. Trocamos influências mútuas. Me influenciam também alguns rappers como GOG e o grupo Clã Nordestino. Me traduzem.14- Se tiver alguma coisa que vc queira comentar...se puder também, conte o que anda fazendo.Bom... acabei de casar, estou grávida de 6 meses, cursando mestrado na USP, na área de Literatura Comparada. Trabalho como educadora em uma ONG da cidade e sou responsável, entre outros, pela parte de saraus no Núcleo Cultural Poder e Revolução. Quero reforçar que apesar de escrever PARA todas as pessoas, escrevo, principalmente, POR mim. E eu sou mais que eu mesma. Sou meus irmãos, minha comunidade. Fico feliz que conheçam e admirem nossa história, nossa sensibilidade. Mas isso não significa que vou aliviar o lado de ninguém, nem me encantar a ponto de deixar de ser quem eu sou. Não quero enriquecer, sair da periferia e continuar a escrever sobre ela, de fora, como todo mundo que não é da periferia faz. Primeiro porque não tenho esse desejo, como disse, não admiro a outra classe. Não quero morar no Paraíso, Vila Madalena ou Morumbi, nem comer um pedaço de pizza que custe R$4,50, nem ter carro do ano, ou as outras coisas mais que desconheço. Quero mais é que as feridas se abram e o povo tome, à força se for preciso, o que é nosso por direito.Se eu fizer o contrário do que estou dizendo, me desconsiderem.Como diz o amigo, escritor e rapper Dugueto: Quem não tem valor, tem preço.






Fonte: blog Efeito Colateral



MALOCA POR DENTRO


Nos olhos

Ratos
não somos.
A gente é
é tigre
que avança
abate
E sai deixando a carcaça
e a carniça.

Apaga a bituca em meu olho.
Vê se eu cego
(ou se morro)
antes de ver mamã chorar.

Que eu não vou botar meus óculos.
.......................................................
Quando estilhaçar seus ossos,
também vou te olhar nos olhos.