sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Cachorro Grande em Feijoada 4. Coxinha 0!

Zé Povo é mato.
Zé Povo é o cão.
Todos os dias, eles, sentados no portão, prostrados, de pé, ou com cadeira apropriada, almofada e garrafa d´água. Equipamento pesado para atingir um objetivo que todos já conhecem: observar a vida alheia. Se é que existe isso.
Ali passam horas e dias.
Equipamento pesado.
A calçada é maciinha. A cadeira e a almofada são só para os mais velhos.
Sentados na arquibancada, eles anotam e analisam cada detalhe da cena.


É um filme que eles não perdem. Assistem todos os dias os capítulos que, devido à falta de recurso, quase sempre se repetem. Não se importam com isso não. O importante mesmo é poder interagir nas cenas. Ainda mais nas policiais.

Quando a polícia chega - equipamento pesado - arrebentando os muleque indefeso. Quando a polícia chega, covardes, sentando o pé na porta dos coadjuvantes, eles se levantam da calçada, chegam bem perto da cena, cruzam os braços – porque não podem usar armas – e ficam encarando os policiais – que naquele momento são responsáveis pela tomada principal.
E os policiais vão ficando irritado e vão ficando nervoso e vão pensano que bosta que agora nóis tem que trabaiá, nóis num pode batê, nóis num pode humilhá, nóis num pode praticá o ju-jitsu nem pent-bal. Desse jeito num dá. Num vai dá pá tentá uma carrera na globo se eu num posso mostra o melhor que eu sei fazê (matá eu sei tamém, mas isso só falo em juízo).
E eles encaram tanto que os policiais quase assumem de vez a cena. E aí teríamos coxinha com guaraná prum lanchinho.

Mas a cena segue e os de cinza assumem. E por não terem argumentos, a campana funciona. Os policiais saem ostentando todas as armas do mundo com suas, digo, nossas viaturas novinhas, $ público pra nos infernizar.
E é por isso que a campana não pode dormir.
E ainda, depois, anotam na lousa do bar:
Feijoada 4.
Coxinha 0.
E logo abaixo:

A campana é só uma das nossas armas.

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