Da "Folha de São Paulo", 04 de agosto de 2007
Foram 201 mortes até junho; 178 pessoas foram mortas pela PM e 23 pela Polícia Civil No mesmo período, 15 policiais foram assassinados no Estado, proporção equivalente a um agente por grupo de 13 civis
GILMAR PENTEADOANDRÉ CARAMANTEDA REPORTAGEM LOCAL
Nos primeiros seis meses do governo de José Serra (PSDB), a polícia paulista matou 201 pessoas, 1,11 por dia. Apesar de menores do que em 2006, quando houve reação policial à onda de violência promovida pelo PCC, os números são superiores a 2005 e revelam, segundo entidades, que a letalidade policial continua alta.Também entre janeiro e junho deste ano, 15 policiais foram mortos, um agente por grupo de 13 civis. "Os números preocupam porque parece que a reação de 2006 continuou tendo reflexo no comportamento letal dos agentes neste ano", afirmou o ouvidor da polícia, Antonio Funari.Segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública do primeiro semestre de 2007, 178 pessoas foram mortas pela Polícia Militar e 23 pela Polícia Civil. Os policiais envolvidos estavam de serviço ou de folga.Em 2006, ano atípico nas estatísticas -em maio, houve a reação policial aos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital)-, 341 civis foram mortos pela polícia no primeiro semestre, a maioria em supostos confrontos. Os números de mortos pela polícia em 2007, porém, são superiores a 2005. Naquele ano, 178 pessoas foram mortas pelas polícias Militar e Civil."O problema é que, mesmo descartando 2006, não houve diminuição da letalidade policial nos últimos anos", afirmou Funari. Segundo ele, as estatísticas confirmam uma tendência já verificada pela Ouvidoria.No primeiro trimestre de 2007, o número de denúncias de homicídios envolvendo policias encaminhadas à Ouvidoria quase dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior -foram 91 contra 55 em 2006. O homicídio subiu de quinto para terceiro lugar no ranking das denúncias em 2007."A impunidade depois da reação da polícia aos atentados do PCC explica essa letalidade policial alta. Isso serve como carta branca para a polícia continuar matando", afirmou Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Condepe (Conselho Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).Das 341 mortes no primeiro semestre de 2006, 92 ocorreram em maio e foram consideradas pelo governo à época como de integrantes do PCC e que teriam sido mortos quando cometiam ataques. Neste ano, o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, afirmou que ainda não há comprovação de que os 92 mortos agiam em nome do PCC. Em dezembro, quatro PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e um empresário viraram réus em um processo pelo seqüestro e morte de dois homens que estão na lista dos 92 suspeitos.
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